
Um grupo com mais de 20 líderes de ascendência africana, do alto escalão da Organização das Nações Unidas (ONU), assinou declaração em que pedem à entidade mais ações pelo fim do racismo no mundo. De forma contundente, o grupo expressa indignação com o racismo generalizado e sistêmico, destacando que as Nações Unidas precisam “ir além e fazer mais” do que apenas manifestar repúdio.
Um dos signatários da carta é Tedros Ghebreyesus, chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem se destacado mundialmente no auxílio à gestão global da crise sanitária. Winnia Byanyima, diretora-executiva do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), e Natalia Kanem, que administra a agência de saúde sexual e reprodutiva da ONU (UNFPA), também estão entre as vinte lideranças negras que assinam a carta.
“Um chamado desesperado pela mãe que partiu há muito tempo, alcançando profundamente as entranhas da humanidade frágil. Lutando para respirar. Implorando por misericórdia. O mundo inteiro ouviu o grito trágico”, diz a introdução do texto, evocando o assassinato de George Floyd, afro-americano, morto por um policial branco de Minneapolis, nos Estados Unidos.
Os líderes exortam a ONU a “intensificar e agir decisivamente para ajudar a acabar com o racismo sistêmico contra pessoas de ascendência africana e outros grupos minoritários”, citando o artigo 1 da Carta das Nações Unidas. O “respeito pelos direitos humanos e às liberdades fundamentais de todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião” são compromissos atribuídos à ONU, segundo o artigo.

O texto pede às Nações Unidas que “usem seu influência para lembrar mais uma vez o negócio inacabado de erradicar o racismo e instar a comunidade das nações a remover a mancha do racismo na humanidade”.
Obrigação de se manifestar
O grupo afirma que a solidariedade com manifestações pacíficas, como os protestos organizados pelo Black Lives Matter e outros em defesa da justiça racial e “contra o racismo sistêmico e a brutalidade policial”, está alinhada às responsabilidades e obrigações como funcionários públicos internacionais. E reiteram que é necessário se manifestar contra a opressão. “Como líderes, compartilhamos as crenças centrais e os valores e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas que não nos deixam a opção de ficar em silêncio”.
Pode ler aqui íntegra da carta.