“Virou político, né?”, disse o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) sobre o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao analisar o cenário eleitoral para 2022. “Acho que se for candidato [a presidente], é fortíssimo, tem muita chance de chegar ao segundo turno”, disse Maia, para quem o ex-ministro deve entrar no debate político para “dar legitimidade ao que ele defende. Acho que ele fez uma boa gestão [no ministério]”.
A questão retórica sobre Moro, posta por Maia, ocorreu durante entrevista concedida à Globo News no domingo (5), na qual o presidente da Câmara ainda falou sobre figuras polêmicas, “lunáticos”, que levam instabilidade ao governo, registra o Valor.
Além de projeções eleitorais, ele abordou assuntos como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), relações institucionais do governo, educação e distribuição de renda.
Maia:”lunáticos” no governo
Em tom conciliador, o presidente da Câmara disse ser fundamental que o presidente Jair Bolsonaro afaste do governo “lunáticos” que influenciam os rumos da gestão. Em ponderação sobre as relações institucionais, Maia destacou a importância de o presidente Bolsonaro vencer divergências no momento da crise desencadeada pela covid-19 e liderar um pacto entre os poderes, incluindo governos estaduais e municipais.
“Deveríamos fazer uma reunião, sentar à mesa com todos dispostos a abrir mão de parte do que acreditam. Precisamos estar unidos, só uma pessoa tem legitimidade para isso, o presidente, que tem mandato até 2022 e deve coordenar essa conversa”, disse ele que também avaliou ser necessário o governo de Jair Bolsonaro afastar “lunáticos” que interferem nos rumos da gestão.
Segundo o presidente da Câmara, Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, foi uma dessas figuras bolsonaristas responsáveis por crises nas relações governamentais. “Espero que os lunáticos deixem de ser relevantes. Um deles está nos Estados Unidos. O Banco Mundial não merece esse tipo de política. Tivemos um dano de um ano e meio na Educação”, ressaltou.
Nesse sentido, outro exemplo citado por Maia foi a área ambiental, do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Ele lembrou que a equipe econômica foi alertada de perdas que o país vem tendo nessa agenda com a atual gestão da pasta.
CPMF
Maia declarou ser totalmente contra à aprovação da CPMF. “Sou radicalmente contra CPMF ou um imposto disfarçado. Até 1º de fevereiro, enquanto eu for presidente, não contem com a presidência da Câmara, não será pautada criação de imposto”, garantiu ele, que se posicionou favorável à aprovação de uma reforma tributária.
Renda e educação
Ao responder sobre programa de distribuição de renda, Renda Brasil, preparado pelo governo Bolsonaro para substituir o Bolsa Família, Maia disse ser “mais do mesmo, unificar o que já existe, aumentar o valor”. Segundo ele, é preciso pensar e pôr em práticas políticas mais autônomas: “Precisamos ir além da transferência de renda, ter uma variável que estimule a mobilidade social das famílias”.
Sobre o Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), Maia adiantou que nesta semana a Câmara conduzirá a discussões finais afetas ao novo fundo. “Texto melhorou muito, está muito bom. Temos mais uma semana de debate e depois devemos votar. Essa matéria é fundamental”.
Com informações do Valor.