
Márcio França é um nome bem avaliado pelo novo governo. Com o início da transição de governo, há uma pressão em Lula e Alckmin para a definição de nomes que ocuparão os ministérios durante a gestão. E apesar de ainda não haver confirmações, aliados do presidente já citam possíveis candidatos a compor as pastas.
O ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), é o mais contado para assumir o Ministério de Cidades — que será desvinculado do Desenvolvimento Regional. Mesmo sem ter o “martelo batido”, o deputado federal Jonas Donizette (PSB-SP) afirma que a indicação de França é “natural pela competência e experiência política”.
“Márcio França foi um prefeito, por duas vezes, e saiu sendo muito bem avaliado pela população. Ele também foi governador de São Paulo. Soube na carne, na pele, os deveres de um governo e soube resolver as questões necessários para o crescimento de São Paulo. A escolha [de Márcio França] para assumir o recriado Ministério de Cidades é muito natural, dado sua competência e experiência como político e adminstrador”, narrou.
Donizette, que foi prefeito de Campinas por dois mandatos consecutivos e presidiu a Frente Nacional de Prefeitos, agora retorna a Câmara dos Deputados após 10 anos. Entretanto, o socialista declara que, com o conhecimento adquirido em gestões municipais, França é o “nome certo” também pela capacidade de diálogo.
“Quando governador, ele abriu as portas para os prefeitos de toda São Paulo. Mais que isso, ele soube lidar com as necessidades e demandas trazidas por esses prefeitos. Ele é um homem político, e foi através do diálogo com esses gestores que se criou um elo entre o governo estadual e as prefeituras, muito positivo e benéfico para todos”, discursou.
Em uma futura colocação de Márcio França como ministro de Cidades, Jonas espera que esse diálogo seja reestabelecido, mas em âmbito federal, e que a comunicação com as prefeituras e administrações seja prioridade.
“Uma das propostas de Lula é criar uma mesa federativa que estabelece um diálogo constante e direto com o governo federal. As prefeituras sentiram dificuldades com inexistência de um canal que abrevie a comunicação com a presidência da República. Com Lula e Alckmin, e França no ministério de Cidades, eles poderão ter a oportunidade de serem ouvidos e contar com uma participação maior do governo federal nas questões municiapais”, finalizou.
Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) nas eleições, a Esplanada dos Ministérios passará por uma “reforma geral”. Uma das primeiras ações do próximo governo é desmembrar pastas que foram aglutinadas durante a gestão Bolsonaro. A medida, que formou “superministérios”, impediu que ações efetivas, políticas públicas e orçamento fossem esquecidos ao meio de tanta bagunça administrativa.
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Para Jonas Donizette, a proposta de Lula de reaver pastas, como a da Indústria e Cidades, é permitir um olhar “mais cuidadoso e objetivo” sobre as incubências dos ministérios. “Ao aglomerar tudo em uma coisa só, como a atual gestão realizou, findou-se um elo com o governo federal com as demandas mais particulares de cada ministério. No caso do Ministério de Cidades, por exemplo, deixou de ser valorizado as necessidades municipais, como saúde, educação e transporte. Trazer de volta é possibiliar um olhar mais cuidado e objetivo sobre essas necessidades”, declarou.
O socialista afirmou ainda que, com o agrupamento de pastas, as cidades e prefeituras enfrentaram dificuldades orçamentárias e falta de assistência federal. Ele também declarara que as dificuldades aumentam exponencialmente em cidades localizadas em regiões mais afastadas de grandes centros urbanos.
“Se havia uma necessidade de aumentar frota de ônibus em uma cidade pequena, de interior, ou incrementar a saúde, era necessário um contorcionismo para conseguir esse diálogo com o governo. Em grandes cidades, como São Paulo capital, esse problema não é evidenciado. Mas quando vamos em munícipios pequenos que fica nítido a falta de assistência do governo”, disse.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, as prefeituras comandadas pela oposição foram prejudicadas na distribuição de dinheiro. A média de verba por habitante liberada para prefeitos de partidos de centro ou direita em 2021 foi 56% maior do que aquela enviada a municípios comandados por legendas de oposição.