O Brasil ultrapassou a marca de 500 mil mortes por Covid-19 no mesmo dia em que o povo saiu às ruas para atos por #ForaBolsonaro, #VacinaNoBraço e #ComidaNoPrato. As manifestações reuniram 750 mil pessoas na maior onda de protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os organizadores contabilizaram 427 atos no Brasil, além de protestos em 17 outros países.
O 19J pelo #ForaBolsonaro foi maior – bem maior – que o 29M. Há três semanas, nos atos de 29 de maio, eram 420 mil pessoas mobilizadas em 213 cidades brasileiras e outras 14 no mundo.
A jornada de lutas foi convocada por entidades da Campanha Fora Bolsonaro, como a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, centrais sindicais, movimentos sociais, partidos políticos, instituições religiosas e torcidas organizadas.
Atos #ForaBolsonaro no Brasil e no exterior
Na capital paulista, os manifestantes se reuniram em frente ao Masp e tomaram nove quadras da Avenida Paulista. No Recife (PE), o ato se concentrou na Praça do Derby e percorreu a Avenida Conde da Boa Vista. Diferentemente do 29M, não houve repressão por parte da Polícia Militar. Conforme a organização, 10 mil pessoas saíram às ruas da capital pernambucana. Chamava atenção o uso de máscaras e álcool em gel pelos manifestantes e os pedidos persistentes dos organizadores por distanciamento social entre os participantes.
No Rio de Janeiro, o ato durou quatro horas e teve quatro quilômetros de trajeto até a Igreja da Candelária. Estudantes, trabalhadores, sindicalistas, servidores públicos e líderes populares gritaram palavras de ordem contra o governo Bolsonaro.
Em Belém (PA), a concentração ocorreu em frente ao mercado de São Brás. Os belenenses foram às ruas por vacina no braço, auxílio emergencial e em defesa das liberdades civis garantidas pela Constituição. O ato também denunciou a destruição da Amazônia e seus culpados no governo, com o mote “Povo nas ruas em defesa dos povos e da floresta”.
Em Maceió (AL), a mobilização reuniu milhares de trabalhadores do campo e da cidade, unidos pelo “Fora, Bolsonaro”. A manifestação se concentrou na Praça Centenário, no bairro do Farol, por volta de 9 horas, e depois seguiu em caminhada pela Avenida Fernandes Lima.
Em João Pessoa (PB), o ato começou por volta das 9 horas em frente ao Liceu Paraibano, no Centro da cidade. De lá, os manifestantes seguiram para o Parque Sólon de Lucena, também no Centro, às 10h30.
Em Brasília (DF), os indígenas do Levante pela Terra – que pede o fim da retirada de direitos originários com a presença de várias delegações do País – somaram forças ao ato que demanda “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora, Bolsonaro”. O protesto teve início pela manhã na Biblioteca Nacional, bloqueando o trânsito do Eixo Monumental.
Em Belo Horizonte (MG), 30 mil pessoas tomaram as ruas com máscaras, cartazes e bandeiras. O grupo se concentrou no início da tarde na Praça da Liberdade, aos gritos de “Bolsonaro genocida”. No interior do estado, cerca de 50 cidades também registraram mobilizações por vacina e auxílio emergencial.
Em Porto Alegre, os manifestantes enfrentaram a chuva e começaram a se reunir por volta das 15 horas, com concentração em frente à prefeitura, onde foram feitas falas de lideranças políticas, sindicatos e movimentos sociais. Segundo a organização, o número de manifestantes superou os 30 mil do ato realizado em 29 de maio. Em todo o estado, mais de 50 cidades registraram atos pelo “Fora, Bolsonaro”.
Houve atos também em cidades do exterior, como Londres, na Inglaterra, onde um holograma com a mensagem “Jail Bolsonaro”. (Cadeia para Bolsonaro, em tradução livre).
Socialistas reagem a meio milhão de mortos
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), anunciou que, junto com Marcelo Freixo (RJ) – que se filiará ao PSB na próxima terça – e demais líderes dos partidos de oposição, pediu que as duas casas legislativas decretem luto oficial por sete dias. “.. em memória dos brasileiros mortos e em respeito à dor de suas família”, comunicou.
O presidente do PSB Nacional, Carlos Siqueira, comentou que o atual governo imprime a marca de 500 mil brasileiros mortos na pandemia. “Solidariedade aos que perderam parentes e amigos”, escreveu.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, que se filiará ao PSB na próxima terça-feira (22), decretou luto oficial no estado por três dias. “… em face da enorme tragédia representada por 500.000 mortes por coronavírus no Brasil”, anunciou.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) lamentou os meio milhão de mortos. “O luto se impõe desde a primeira morte por tratar-se de doença evitável”, comentou.
O líder do PSB na Câmara, Danilo Cabral (PSB-PE), prestou solidarizou a todas as famílias e amigos das vítimas.
O deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) participou dos atos #19J e reafirmou o compromisso em favor do Brasil e dos brasileiros. “A política genocida de Bolsonaro precisa ser barrada”, escreveu.
O deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE) comentou sobre a triste marca de 500 mil brasileiros mortos. “Quantas dessas vidas poderiam ter sido salvas se o presidente Bolsonaro tivesse uma ação mínima de combate ao vírus?”, questionou.
O deputado federal Ricardo Silva (PSB-SP) lamentou pelos 500 mil brasileiros que perderam a vida na pandemia. “Sentimentos aos familiares e amigos que não se conformam com essa partida rápida e impiedosa”, comentou.
O ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), prestou solidariedade a todas as famílias que perderam entes queridos nessa pandemia. “Que Deus dê força a todos que estão enfrentando essa doença e que possam superá-la”, postou.
Silêncio de Bolsonaro e polêmica de ministro
Até a manhã deste domingo (20), Jair Bolsonaro não havia se pronunciado sobre a marca de meio milhão de mortos por covid. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, fez uma postagem infeliz e foi rebatido pelo deputado federal Rafael Motta (PSB-RB).
Mídia comercial cobre atos #19J e meio milhão de mortes
A marca de meio milhão de mortos por covid-19 impactou a cobertura dos atos realizados neste sábado. No dia 29 de maio, apenas a Folha havia dado destaque às manifestações. A cobertura #19J ganhou outra dimensão.
Até o principal telejornal do país, o Jornal Nacional, fez um editorial de mais de três minutos sobre a triste marca de 500 mil mortes.
Intelectuais de esquerda comentam #19J e 500 mil mortes
“A única coisa que tenho sentido desde o anúncio da morte de 500 mil por covid-19 é o chamado ‘ódio de classe'”, escreveu o geógrafo Elias Jabbour, especialista em China e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
O historiador Jones Manoel, militante do PCB e colunista do Socialismo Criativo, também usou as redes sociais para compartilhar a participação dele nos atos no Recife. “Precisamos derrubar esse governo, ma isso é só o começo”, afirmou.
Com informações de Folha de S.P, revista Forum e Diário Centro do Mundo