por: Ana Paula Siqueira e Da Redação Postado em: 07/07/2021 - 22:22 Atualizado em: 07/07/2021 - 22:26
O Ministério da Defesa reagiu às declarações do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM). Em tom intimidador, a pasta divulgou nota assinada em conjunto pelos comandantes das Forças Armadas em que acusa Aziz de ter sido “leviano” e “irresponsável”.
A fala que motivou o posicionamento incisivo dos militares foi feita por Aziz durante o depoimento do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, preso nesta quarta por mentir à comissão.
“Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo, fazia muitos anos”, afirmou o presidente da CPI durante o depoimento de Dias”
Omar Aziz
Militares dizem que declaração foi “grave”
“Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos”, afirma a nota publicada antes pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma rede social.
Aziz se defendeu no plenário do Senado e cobrou posicionamento de Rodrigo Pacheco (PP-AL), que não se pronunciou contra a nota do governo, considera “desproporcional” pelo presidente da CPI.
“Minha fala hoje foi pontual, não foi generalizada. E vou reafirmar o que eu disse lá na CPI. Pode fazer 50 notas contra mim, só não me intimida. Porque, quando estão me intimidando, vossa excelência não falou isso, estão intimidando esta Casa. Vossa excelência não se referiu à intimidação que foi feita”, disse ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Pacheco se esquivou. Afirmou apenas que tem “o mais profundo respeito” pelas Forças Armadas.
Reações às Forças Armadas
Para o líder da Minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), afirmou que Aziz não desrespeitou as Forças Armadas e deveriam repudiar os responsáveis pelas mais de 527 mil mortes por covid-19 no país.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse não querer acreditar na tentativa de politização das Forças Armadas.
“Não quero acreditar que esteja em curso qualquer ameaça a um membro deste poder, presidente de uma CPI. Reitero minha confiança nas Forças Armadas, minha, como líder da oposição, de que as Forças Armadas são leais à democracia, à Constituição e assim devem se comportar. Se for diferente, é um caminho muito ruim para a democracia”, disse Randolfe.
O líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), saiu em defesa das Forças Armadas e acusou a CPI.
“Não podemos achar que o que está acontecendo lá na CPI é uma brincadeira. […] As pessoas estão sendo coagidas, forçadas, interrompidas nas suas respostas. É todo dia. Não é um dia só. É importante que o Senado possa se manifestar, porque não podemos ficar prisioneiros de uma maioria eventual de uma CPI, que não fala em nome do plenário, dessa instituição. Os excessos cometidos é que levam à declaração do Ministério da Defesa”, disse Bezerra.
Confira a íntegra da nota
O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veementemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção.
Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.
Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.
As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.
Walter Souza Braga Netto
Ministro de Estado da Defesa
Alte Esq Almir Garnier Santos
Comandante da Marinha
Gen Ex Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Comandante do Exército
Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista Junior
Comandante da Aeronáutica
