Com Marcelo Hailer
Seguindo a cartilha bolsonarista à risca, o ministro da Educação Milton Ribeiro se manifestou contra a educação. Em entrevista à TV Brasil, ele afirmou que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos”, numa postura abertamente excludente e elitista.
“Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”, disse em entrevista ao programa “Sem Censura”, na noite desta segunda-feira (9).
Ele defendeu que as verdadeiras “vedetes” (protagonistas) do futuro sejam os institutos federais, capazes de formar técnicos.
Não falou, porém, sobre o desmonte do governo em todas as áreas e a política neoliberal de Bolsonaro, responsável também pelo recorde de desemprego no país.
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirma que o “projeto desse governo de perpetuar as desigualdades não vai vencer.”
O deputado federal Aliel Machado (PSB-SC) considerou a fala do ministro um retrato de um governo para poucos. “Lamentável tamanho descaso e ignorância”, opinou.
Política de cotas e ‘filhinhos de papai’
O ministro abordou a política de cotas em instituições de ensino superior, alegando que “a crítica que havia no passado, de que só ‘filhinho de papai’ estuda em universidade pública, se descontrói com essa lei”.
“Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados”, disse.
‘Reitores não podem ser lulistas’
“De 69 universidades federais, 69 reitores, nós temos hoje… eu converso com todos, alguns eu olho mais de longe. Mas eu tenho uns 20, 25 reitores que eu converso plenamente. 10 deles eu trouxe para visitar o senhor presidente da República”.
Em seguida, o ministro afirmou que se trata de um fato inédito um reitor de universidade não ser esquerdista. “Coisa inédita, um reitor de uma universidade que seja, eu não digo que… ele não precisa ser bolsonarista, mas não pode ser esquerdista, não pode ser, já que falamos nome, não pode ser lulista”.
Por fim, o ministro da Educação, que já foi processado e condenado por declarações homofóbicas, afirmou que “reitor tem que cuidar da educação e ponto final. E respeitar todos que pensam diferente. As universidades federais não podem se tornar um comitê político de do partido A, nem de direita, mas muito menos de esquerda”.
Crítica também aos professores
O ministro também criticou parte dos professores da educação básica. Segundo ele, há docentes que agem “com viés político-ideológico” e prejudicam a volta às aulas presenciais.
“Infelizmente, alguns maus professores (a grande maioria está querendo voltar e se preocupa com as crianças) fomentam a vacinação deles, que foi conseguida; agora [querem a imunização] das crianças; depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse.
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Também afirmou que precisa contar com a “sociedade civil organizada” para que haja a retomada das atividades.
“Como que o professor é capaz de ficar em casa e deixar as crianças sem aula? A culpa não é do governo federal. Se pudesse, eu teria mandado abrir todas as escolas. Mas não podemos, depende das redes municipais e estaduais.”
Falhas nos protocolos
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) analisou os protocolos de biossegurança na retomada às aulas presenciais de cinco estados (Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo), considerados representativos na pandemia.
Com base em oito eixos (disponibilização de máscaras, ventilação adequada, imunização, testagem de casos de covid-19, transporte, ensino remoto, distanciamento social e higiene), os cientistas concluíram que não há garantia de um retorno seguro na pandemia. Em um espectro que vai de 0 a 100, o índice de adequação aos critérios de prevenção variou de 30 a 59.
Educação na Autorreforma
Os socialistas defendem em sua Autorreforma a educação como pilar essencial para o desenvolvimento do país.
“Há três agentes principais, que atuam de forma integrada: o Estado responsável por aplicar e fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia; as universidades e institutos de pesquisa, responsáveis por cria e disseminar conhecimento e as empresas responsáveis por investir na transformação do conhecimento em produtos”
Autorreforma
O PSB defende que “o sonho socialista brasileiro assenta-se sobre as bases da nossa realidade, tanto no plano de recursos naturais como no potencial criativo do nosso povo, de nossas empresas, das nossas universidades e dos centros de pesquisa.”
Com informações do G1