O deputado federal Luis Miranda (DEM-PF) confirmou à Polícia Federal que informou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que o irmão, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, teria sido pressionado para liberar a importação da vacina indiana Covaxin pelo órgão, apesar das inconsistências do contrato.
A PF investiga se o presidente incorreu no crime de prevaricação ao não comunicar aos órgãos de segurança a existência de suspeitas de corrupção nas tratativas para a compra do imunizante, após o parlamentar denunciar o caso durante depoimento à CPI da Pandemia, no Senado Federal.
Em seu depoimento à PF, realizado nesta terça-feira (27), o parlamentar relatou que informou o caso a Bolsonaro e que o irmão, o servidor Luis Ricardo Miranda, teria sido pressionado para liberar a importação do imunizante apesar das inconsistências do contrato.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o deputado apresentou as mensagens de whatsapp trocadas com o irmão referentes ao caso e que o assunto foi tratado por eles de forma “orgânica”, com naturalidade. No dia 20 de março, ainda segundo ele, o caso foi discutido com Bolsonaro, que teria prometido levar o caso à Polícia Federal.
“Fiz uma recriação do momento com informações importantes, com toda uma ‘timeline’, com um histórico dos acontecimentos”
Luis Miranda
Miranda afirma que delegado da PF pode testemunhar
Ele também contou que Luis Ricardo informou as irregularidades no contrato para um delegado da Polícia Federal e que o policial poderá testemunhar acerca das pressões feitas sobre o servidor por parte das chefias do ministério.
“Tem um delegado da superintendência da PF que tem conhecimento do caso, que orientou o meu irmão. E, nesse momento, meu irmão falou que não queria dar um depoimento oficial tendo em vista da exposição que seria, né?! E exatamente por ter dado o depoimento, ele foi exposto”, disse.
O contrato para a compra da vacina indiana, produzida pelo laboratório Bharat Biotech, foi intermediado pela Precisa Medicamentos. A suspeita de irregularidades colocou a empresa na mira da CPI da Pandemia.
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No último dia 08 de julho, pouco antes do recesso parlamentar de meio de ano, a CPI da Pandemia protocolou um ofício endereçado ao Palácio do Planalto, cobrando posicionamento do presidente , sobre as acusações apresentadas à comissão por Miranda.
“Solicitamos, em caráter de urgência, diante da gravidade das imputações feitas a uma figura central desta administração, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações do deputado Luis Miranda”, pede a carta.
Até o momento da publicação dessa reportagem, a assessoria de imprensa do presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD), não informou se obteve retorno da Presidência.
Com informações do Brasil 247 e Agência Senado