
Em mais uma declaração inacreditável – e totalmente destituída de embasamento legal -, o apresentador Monark, que já defendeu a existência de partidos nazistas, afirmou que acredita que não é crime consumir pedofilia e que os pedófilos que só assistem às produções não deveriam ir para a prisão.
A declaração se deu em decorrência de uma discussão sobre o caso PC Siqueira, que virou alvo de investigação por pedofilia após vazamento de mensagens atribuídas a ele.
Em vídeo que circula nas redes sociais, ele pergunta a Newman LM, convidado do Monark Talks nesta sexta-feira (12), se considera PC Siqueira pedófilo.
O convidado devolve a pergunta: “você acha que um sujeito que tem pornografia infantil é um criminoso?”
Monark, então, divaga por um tempor e responde: “Eu não sei se ele é um criminoso. Eu acho que o crime está em você produzir e divulgar. Mas, que é uma parada que você vai falar: puta, esse cara não bate bem das bolas. Com certeza é… Entendeu?”.
E prossegue: “Mas, criminoso eu não sei, entendeu. Não sei. Um cara que é pedófilo, porque eu gostaria de prender ele? Se ele estivesse ameaçando outras crianças. Entendeu? Se ele está assistindo uma parada é uma merda, é uma atitude de bosta do caralho… É bem esquisito, eu não seria amigo dessa pessoa, mas eu não sei se ele deveria ser presa, entendeu? De verdade, assim, entendeu… Porque o crime de verdade é você expor uma criança, entendeu? ou você abusar de uma criança, na minha opinião. Ou não?”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente é claro em seu artigo 241-B que é crime a “posse de material podófilo”, além da “utilização de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica”. do “comércio de material pedófilo”, da “difusão de pedofilia”, do “simulacro de pedofilia” e do “aliciamento de crianças”.
“Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais”, diz o ECA.
Monark defendeu fundação de partido nazista
Em fevereiro, Monark, que na época trabalhava no Flow Podcast, defendeu a existência de um partido nazista no Brasil que fosse legalizado.
O podcaster foi rebatido pela deputada socialista Tabata Amaral (PSB-SP), que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, disse a parlamentar.
Na sequência, Monark perguntou à deputada como o nazismo coloca os judeus em risco. “De que forma [isso acontece]? Quando [o nazismo] é uma minoria, não põe. Mas era [um risco] quando era uma maioria”, emendou.
Pressionado pela repercussão negativa que seu comentário teve, Monark veio a público pedir desculpas. Mas em entrevista a Rica Perrone no podcast Cara a tapa, o podcaster disse que não deveria ter pedido desculpas por ter defendido a criação de um partido nazista no Brasil no Flow Podcast.
Monark afirmou que o comentário foi mal-interpretado e que, ao se desculpar, validou o discurso que levantaram contra ele.
“Não foi inteligente da minha parte pedir desculpa. Acho que eu devia ter ficado quieto. Não devia ter pedido desculpa, devia ter explicado o meu ponto [de vista]. O problema de quando você pede desculpa é que você valida a narrativa de que você fez o que estavam te imputando, mesmo que não fosse verdade”, disse Monark.
“Eu entendo que vacilei na forma em que eu me expressei, porque estava bêbado e, do jeito que falei, era muito fácil de ser interpretado de outra forma — ainda mais se você pega um corte filho da p*ta, que tira a parte em que eu falo que nazismo é do demônio, e é errado, que todo nazismo é idiota, e coloca só que os caras [nazistas] têm o direito de ser imbecis”, acrescentou.
“Eu não pedi desculpa pela minha ideia, pelo que penso. Ainda acredito na primeira emenda dos Estados Unidos, ainda acho que é uma excelente lei que rege sobre liberdade de expressão, a melhor [lei] nesse sentido. Mas pedi desculpas pela forma como entreguei essa ideia para a população. Poderia ter expressado de uma forma melhor”, seguiu.
Monark aproveitou para dar um conselho a quem passasse por uma situação semelhante. “Se você um dia passar por um cancelamento injusto, não peça desculpas. Porque, quando você mostra sangue para uma turma de tubarões raivosos do cancelamento, a única coisa que você vai fazer é aumentar o apetite deles”, disse.
O episódio fez com ele fosse desligado do Flow Podcast e perdesse diversos patrocínios. Porém, isso não foi o suficiente. Hoje, Monark tem o seu próprio programa, o Monark Talks.
Em outubro de 2021, em mais uma fala controversa, normalmente tendendo à extrema direita, ele fez uma postagem em seu perfil no Twitter com a seguinte indagação: “ter uma opinião racista é crime?”. Após a repercussão negativa da frase, inclusive com a perda de patrocinadores, o podcaster afirmou que foi mal-interpretado.
Com Revista Fórum e Correio Braziliense