Líderes dos atos já enviaram um protocolo à Polícia Militar requisitando a Avenida Paulista no domingo

Com as manifestações contra o governo de Bolsonaro do último domingo (8) em São Paulo evitando atrelamento com políticos, é previsto que a tendência se repita no próximo final de semana, quando ativistas prometem voltar às ruas. Segundo o Estadão, líderes dos atos já enviaram um protocolo à Polícia Militar requisitando a Avenida Paulista no domingo.
A avaliação entre os organizadores, muitos deles filiados a partidos, é que a participação de parlamentares no ato pode causar divergências internas em um movimento heterogêneo e de equilíbrio frágil, além de afastar manifestantes que não são de esquerda. No domingo passado havia poucas bandeiras e faixas de partidos como PCO, PCB e PSOL.
O foco de resistência aos políticos é a aliança entre lideranças das torcidas organizadas, que compõem o principal eixo de mobilização. Muitos participantes dessas organizações têm aversão aos partidos e alguns são ex-bolsonaristas.
A exceção aberta no carro de som foi para o ex-presidenciável e pré-candidato a prefeito da capital Guilherme Boulos (PSOL), que falou em nome da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
“Voz aos movimentos sociais”
O líder do movimento Somos Democracia, Danilo Pássaro, disse que detentores de cargos eletivos têm outro papel nas manifestações. “Nas ruas temos que dar voz aos movimentos sociais. Não são só torcidas, mas a população tem resistência aos políticos”, disse o ativista, que faz parte da Gaviões da Fiel.
A ideia de evitar parlamentares não é consenso entre os organizadores e causou desconforto em petistas, que reservadamente reclamaram do espaço aberto a Boulos.
Embora o PT não esteja na organização, quadros do partido têm defendido e incentivado os atos de rua.
“Eu avalio que o movimento precisa dialogar para que os partidos que queiram participar das manifestações. A negação do partidos políticos nas primeiras manifestações do MPL em 2013 teve um resultado desastroso. Ali teve início a criminalização da política, especialmente a política de esquerda”, afirmou Raimundo Bonfim, dirigente da Central de Movimentos Populares (CMP), que integra a coordenação dos atos.
Os partidos de esquerda optaram por não convocar nem participar institucionalmente dos atos, mas também não censuram a participação dos militantes. Pelo contrário. Após reunião da executiva nacional, o PT divulgou uma nota se dizendo “solidário” aos atos e recomendando precauções aos ativistas, além de cuidado com provocações e possíveis infiltrados.