Após quase um ano, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) conclui que há fortes indícios de que a Polícia Militar (PM) tenha assassinado 17 pessoas e depois manipulado a cena dos fatos. A chacina teria ocorrido durante operação contra o narcotráfico em Manaus, em outubro de 2019, e foi alvo de investigação pela Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial (Proceap).
As autoridades policiais afirmaram que as mortes foram resultados de um confronto entre traficantes e PMs. No entanto, no suposto confronto, que avançou durante a madrugada e culminou com as 17 mortes, nenhum policial se feriu e ninguém foi preso. O MP-AM confronta os depoimentos dos militares com laudos de necropsia das vítimas.
Uma das contradições é a precisão dos tiros: 71,88% dos mortos foram atingidos no tórax, e 18,75%, no abdômen. No suposto confronto, que, segundo a PM, envolveu 50 criminosos, faltava luz na região.
O promotor afirma que há fortes indícios do crime de fraude processual qualificada devido à remoção indevida dos cadáveres e ao fato de eles terem chegados molhados ao Instituto Médico Legal (IML).
“Os tiros disparados foram precisos e, dada a região do corpo alvejada, capazes de provocar o óbito imediato das vítimas. Dentro desse contexto, a remoção apressada de 17 corpos evidencia interesse na alteração da cena do crime e destruição de provas”, afirma.
Via assessoria de imprensa, a PM do Amazonas informou que não foi notificada sobre as conclusões do trabalho do Ministério Público e que, “se houver erro em qualquer atuação policial, haverá responsabilização dos envolvidos”.
Nas últimas semanas, a PM do Amazonas também tem sido acusada de matar ao menos cinco ribeirinhos e indígenas, na região do rio Abacaxis, sul do Amazonas, além de praticar tortura e agressão física.
Com informações da Folha de S. Paulo