Maior doadora do Fundo Amazônia, a Noruega exige que governo Bolsonaro dê “sinais políticos claros de que a ilegalidade não será tolerada” e que tenha “vontade política de conter o desmatamento”. As declarações foram dadas pelo ministro do Clima e Meio Ambiente do país, o advogado Sveinung Rotevatn, em entrevista ao Valor.
De acordo com Rotevatn, o mundo dos negócios e os investidores financeiros “temem pela sua reputação e pelo risco financeiro, quando o tema é o desmatamento da floresta”. Desde a criação do Fundo Amazônia, em 2008, a Noruega já contribui com mais de 90% dos R$ 3,4 bilhões dos recursos doados.
Na última sexta-feira (23), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, culpou o país europeu pela paralisação do Fundo Amazônia. Segundo ele, a Noruega discordou de modificações feitas pelo governo na gestão dos recursos.
A alegação de Salles se refere a tentativa de retirar a sociedade civil do comitê orientador do fundo, proposta rejeitada pelos doadores. O argumento usado pelo ministro brasileiro foi irregularidades dos projetos geridos pelo BNDES, mas que nunca foram comprovadas.
“É uma proposta bastante peculiar porque o envolvimento da sociedade civil no Fundo Amazônia foi parte do desenho original feito pelo Brasil. E esta arquitetura, com a participação da sociedade civil, foi um dos motivos que fizeram com que achássemos que a iniciativa era uma boa ideia”, reage Rotevatn.
Desenvolvimento sustentável
Ainda durante a entrevista ao jornal brasileiro, Rotevatn afirma que o Brasil foi muito bem-sucedido, por anos, em conter o desmatamento e ao mesmo tempo registrar “um desenvolvimento econômico impressionante”. Segundo ele, os doadores esperam que o mecanismo volte a funcionar. “E ainda há dinheiro no fundo para apoiar projetos que ajudem a população e o desenvolvimento da região”, registra.
Para o ministro norueguês, “parar o desmatamento é vital para o desenvolvimento econômico”. No entanto, Rotevatn reconhece que os países ricos fizeram erros aos se desenvolver de modo insustentável. “Mas aprendemos com eles. Acho importante não repetir os mesmos erros em países atualmente em desenvolvimento.”
Leia entrevista completa aqui.
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