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O uso das Forças Armadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as eleições no Brasil chamou a atenção da imprensa internacional. Um dos maiores jornais do mundo, o The New York Times, publicou matéria de destaque sobre os ensaios golpistas do atual ocupante do Palácio do Planalto.
Sob o título ‘Novo aliado de Bolsonaro no questionamento das eleições: os militares’, do jornalista Jack Nicas, a reportagem mostra como Bolsonaro atua para propositalmente levantar dúvidas sobre o processo eleitoral do país sem mostrar evidências de suas acusações.
“Faltando quatro meses para uma das votações mais importantes da América Latina em anos, um confronto de alto risco está se formando. De um lado, o presidente, alguns líderes militares e muitos eleitores de direita argumentam que a eleição está aberta à fraude. Do outro, políticos, juízes, diplomatas estrangeiros e jornalistas estão soando o alarme de que Bolsonaro prepara o cenário para tentativa de golpe.”
Em outro trecho, o jornalista anota que “os líderes das Forças Armadas do Brasil, de repente, começaram a levantar dúvidas semelhantes sobre a integridade das eleições, apesar de poucas evidências de fraudes anteriores, aumentando as já altas tensões sobre a estabilidade da maior democracia da América Latina e sacudindo uma nação que sofria sob uma ditadura militar de 1964 a 1985.”
O jornalista contou o passo que o TSE deu como forma de acabar com os tensionamentos criados por Bolsonaro.
O então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, convidou formalmente as Forças Armadas a participar da Comissão de Transparência das Eleições (CTE), que reúne diversas entidades, como representantes do Congresso Nacional, da Polícia Federal e especialistas de diversas entidades.
O intuito era apaziguar o tensionamento promovido por Bolsonaro. O problema é que ao invés de melhorar a situação, o convite do TSE deu ainda mais munição para os ataques.
“E Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que encheu seu gabinete com generais, sugeriu que no dia da eleição, os militares deveriam realizar sua própria contagem paralela. Bolsonaro, que tem falado com carinho sobre a ditadura, também procurou deixar claro que os militares respondem a ele.
Autoridades eleitorais “convidaram as forças armadas a participar do processo eleitoral”, disse Bolsonaro recentemente, referindo-se ao comitê de transparência. ‘Esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Jair Messias Bolsonaro?’”, relatou no texto.
Edson Fachin é enfático sobre o que está em jogo
O jornalista conversou com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, que foi enfático sobre o que está de fato em jogo no Brasil ante o bolsonarismo.
“Esses problemas são criados artificialmente por aqueles que querem destruir a democracia brasileira. O que está em jogo no Brasil não é só uma urna eletrônica. O que está em jogo é manter a democracia”
Edson Fachin
O texto também destaca as ameaças à democracia feitas pelo comandante da Marinha, o almirante Garnier Santos, que afirmou “como comandante da marinha, quero que os brasileiros tenham certeza de que seu voto contará. Quanto mais auditoria, melhor para o Brasil”.
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Na sequencia, a matéria cita o relatório da Polícia Federal sobre as tentativas de “dois generais do gabinete de Bolsonaro, incluindo seu conselheiro de segurança nacional, tentaram por anos ajudá-lo a descobrir evidências de fraude eleitoral.”
Com destaque para a mais recente crise criada pelo Ministério da Defesa com o TSE, logo após Bolsonaro ter seu pedido de ajuda contra Lula ter sido ignorado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, na Cúpula das Américas, no final da última semana.
Em resposta ao ofício apresentado pelo Ministério da Defesa em que o governo Jair Bolsonaro afirma as Forças Armadas estão “desprestigiadas” no processo eleitoral, o TSE afirmou que “todas as contribuições sempre são bem-vindas e que preza pelo diálogo institucional que prestigie os valores republicanos e a legalidade constitucional”.
O tribunal destacou que o processo eleitoral passa por auditoria pública e que preza pela transparência, ao contrário do que as Forças Armadas tentam insinuar – de que haveria uma “sala secreta” de apuração”, tese bolsonarista.
No sábado (11), o TSE afirmou que aceitou total ou parcialmente 10 propostas entre 16 sugestões que estavam nos 88 questionamentos feitos pela Defesa.