Pelo menos 22 pessoas morreram durante um confronto na Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte do Rio, na madrugada desta terça-feira (24).
A Polícia Militar afirma que 12 dos mortos eram criminosos. Uma moradora também morreu, vítima de bala perdida.
Identificada como Gabriele Ferreira da Cunha, de 41 anos, ela foi baleada e morta na entrada da Chatuba, que fica ao lado da Vila Cruzeiro.
Outras duas pessoas ficaram feridas e foram levadas para o Hospital Getúlio Vargas, também na Penha.
Moradores relataram que começaram a ouvir tiros às 4h. 11 escolas da rede municipal precisaram ficar fechadas devido ao confronto.
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Segundo a PM, agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram atacados a tiros quando iniciavam uma “operação emergencial” na comunidade.
O objetivo era prender chefes do Comando Vermelho escondidos na Vila Cruzeiro. A polícia afirma que lideranças da facção em outras favelas do Rio — como Jacarezinho, Mangueira, Providência e Salgueiro (São Gonçalo) — e até de estados do Norte e do Nordeste também estão abrigados na Penha.
Um helicóptero blindado da PM dava apoio aos agentes em terra. Os confrontos se concentravam na parte alta da Vila Cruzeiro, perto de uma área de mata.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a moradora estava na Rua Dionísio, na Chatuba, na parte baixa do complexo, quando foi atingida.
A Secretaria Municipal de Educação informou que, por causa da operação policial, 11 escolas da região estão fechadas, e que prestaria atendimento de forma remota.
Policiais apreenderam onze fuzis, quatro pistolas e uma granada.
Tiros logo cedo
Os tiros começaram a ser ouvidos por volta das 4h.
“Quatro horas da manhã começou operação aqui na Vila Cruzeiro. Muito tiro, mas muito tiro mesmo. Os policiais do Bope entraram aqui com vários carros. E a bala tá comendo”, afirmou um morador.
O tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da PM, disse que os confrontos continuam e o objetivo é localizar criminosos de outros estados que se escondem na Vila Cruzeiro.
“Nesse momento ainda temos confrontos na área de mata. Na área construída estamos fazendo uma varredura com policiais do Bope e da Polícia Rodoviária Federal”.
“O objetivo ainda está mantido de buscar criminosos de outros estados que estão buscando abrigo aqui com essa facção criminosa, que opera na Vila Cruzeiro, no Jacarezinho, na Mangueira, na Providência e no Chapadão. Eles estão hospedando criminosos de outros lugares, entre eles, criminosos do Pará, que determinaram a morte de mais de 13 agentes públicos somente este ano”.
Segundo Blaz, o Comando Vermelho, facção criminosa da Vila Cruzeiro, é responsável pela maior parte dos confrontos no RJ.
“Precisamos desbaratar essa quadrilha que já é hoje responsável por mais de 80% dos confrontos armados do Rio de Janeiro. Essa facção criminosa que opera ali na região da Vila Cruzeiro atua numa campanha expansionista em todo o nosso estado”.
O tenente-coronel disse ainda que a morte da moradora da Chatuba é uma “realidade trágica”.
“Estamos falando de um confronto armado em que se usam armas de guerra, munições de alta velocidade, que cruzam longas distâncias. Segundo informações, ela teria sido atingida logo no início da operação quando criminosos estavam atacando os policiais. O sentido do tiro aponta para esse lado, a perícia já foi feita, já temos o corpo removido. Logicamente, esse resultado logo no início da operação já nos desestimula. Ele já é um fato lamentável, muito lamentável, uma família impactada por um resultado desse, da violência”.
Com informações do G1