Líderes de partidos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara protocolaram nesta quarta-feira (28) um pedido para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os crimes ambientais cometidos na gestão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
O pedido é subscrito pelo líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e por lideranças do PT, PV, Rede, PSOL e PCdoB. Os deputados já conseguiram coletar 130 das 171 assinaturas necessárias para instalar a CPI.
CPI quer apurar crimes ambientais de Salles
No documento em que pedem a instalação da CPI, os deputados listam diversos ilícitos que teriam sido cometidos pelo ministro. Entre os crimes, a aliança de Salles com madeireiros ilegais para tentar atrapalhar as investigações da maior apreensão de madeira ilegal do país e o desmonte da fiscalização que resultou em desmatamento descontrolado na Amazônia.
O requerimento da oposição relata fatos, condutas e portarias que fragilizaram a fiscalização ambiental e resultaram em uma explosão do desmatamento no Brasil.
Conluio de Salles com garimpeiros ilegais
A oposição também acusa Salles de conluio com garimpeiros ilegais. O pedido de abertura de CPI relembra a suspeita de que após reunião do ministro com garimpeiros e indígenas supostamente favoráveis ao garimpo ilegal, houve suspensão da fiscalização no Oeste do Pará por dois dias, período suficiente para a ocultar o maquinário.
Há ainda a acusação de uso irregular de avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O pedido dos parlamentares relata que uma aeronave foi solicitada para dar apoio a uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisIbama contra um garimpo ilegal. Não somente a operação não aconteceu, como também o avião teria sido utilizado para levar os garimpeiros ilegais a Brasília.
Incêndios florestais
Outro fato listado pelos deputados diz respeito a Incêndios florestais no Pantanal e ao dia do fogo na BR 163. Para os parlamentares houve inércia, omissão e conivência de Salles e essa conduta será alvo de investigação caso a CPI venha a ser instalada.
Impactos devastadores da política ambiental
Os líderes da Oposição se preocupam com a gestão ambiental de Bolsonaro e avaliam que os impactos desta política podem resultar em perdas irreparáveis, indo do isolamento do país no cenário internacional a perdas econômicas por restrições aos produtos brasileiros.
“Ricardo Salles age como um verdadeiro antiministro do Meio Ambiente, fragilizando a fiscalização ambiental e defendendo autores de crimes ambientais.[…] Enquanto isso, o Brasil se torna pária mundial, à medida que a economia verde se torna tema central nos outros países. Ou damos uma guinada radical em nossa política ambiental, identificando as condutas criminosas até aqui praticadas para que elas não voltem a acontecer […] e os responsáveis sejam punidos, ou vamos sentir os impactos desse desastre por décadas. Por isso, nós, da Oposição, queremos que seja instalada essa CPI”.
Alessandro Molon
O pedido de instalação da CPI ocorreu um dia depois de a ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontar para a “gravidade incontestável” das acusações do delegado Alexandre Saraiva contra Salles.