Parlamentares da oposição vão ingressar com uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a Secretaria Especial da Cultura. O motivo é o descaso com a Cinemateca Brasileira, que teve um galpão destruído após um incêndio, na noite desta quinta-feira (29).
Os deputados afirmam que a secretaria foi omissa e que foi alertada reiteradamente para os riscos de incêndio na instituição. As informações são da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) é uma das autoras da ação na PGR.
Além de Lídice da Mata, assinam o documento o socialista Tadeu Alencar (PSB-PE) e os deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alice Portugal (PCdoB-BA), Benedita da Silva (PT-RJ), Maria do Rosário (PT-RS), Áurea Carolina (PSOL-MG), Sâmia Bonfim (PSOL-SP), Alexandre Padilha (PT-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP), Túlio Gadêlha (PDT-PE), Chico d’Ângelo (PDT-RJ), David Miranda (PSOL-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP).
Total descaso com a Cinemateca
“A Secretaria da Cultura reagiu com total descaso aos avisos que vinha reiteradamente recebendo”, afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos que endossa a notícia-crime.
Somente nesta sexta-feira (30), um dia após o incêndio, a pasta publicou um edital para contratação de entidade gestora da Cinemateca.
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Vem também após um ano desde que o governo Bolsonaro tomou para si a tutela da Cinemateca, em ação que teve presença da Polícia Federal —até então a instituição era gerida pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, entidade privada que afirmava não receber os repasses do governo previsto no contrato. O edital prevê um contrato de cinco anos com uma entidade privada sem fins lucrativos.
“Esse termo de parceria deveria ter sido publicado no ano passado, quando nós alertamos a secretaria. Foi uma omissão deles”, segue Teixeira.
Teixeira também reitera que a Comissão de Cultura da Câmara realizou audiências públicas com o secretário Mario Frias pedindo providências em relação a Cinemateca.
Socialistas reagem ao descaso
O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) afirma que o incêndio é resultado da “negligência, negacionismo e perversidade contra a cultura”.
Para o vereador por São Paulo, Eliseu Gabriel (PSB), trata-se de “desleixo deliberado do governo federal negacionista que despreza o valor do conhecimento, da ciência e também da cultura.”
“Com este incêndio, que não é fatalidade, perdemos parte de nossa história, perdemos verdadeiras relíquias do Brasil unicamente por estupidez de um desgoverno”, afirma.
O ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), cobra providências.
Com informações da Folha de S. Paulo