O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta terça-feira (4) para o impacto causado pelo fechamento de escolas em mais de 160 países em razão da pandemia da Covid-19. De acordo com Guterres, a paralisação já afeta mais de 1 bilhão de estudantes e levou à maior interrupção da educação da história.
Numa mensagem de vídeo, Guterres afirmou que pelo menos 40 milhões de crianças em todo o mundo perderam meses importantes de educação “em seu crítico ano de pré-escola”. Como resultado das medidas de fechamento necessárias para a contenção da doença, ele alertou que o mundo enfrenta “uma catástrofe geracional que poderá desperdiçar um potencial humano incalculável, minar décadas de progresso e exacerbar desigualdades enraizadas”.
Segundo o chefe da ONU, mesmo antes da pandemia o mundo já enfrentava “uma crise de aprendizado”, com mais de 250 milhões de crianças fora da escola e com apenas um quarto dos alunos do ensino médio nos países em desenvolvimento terminando a escola “com habilidades básicas”.
Uma projeção global que abrange 180 países, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e organizações parceiras, estima que cerca de 23,8 milhões de crianças e jovens, do ensino pré-primário ao nível universitário, correm o risco de abandonar ou não ter acesso à educação no próximo ano devido ao impacto econômico da pandemia.
“Estamos num momento decisivo para as crianças e os jovens do mundo”, disse Guterres. “As decisões que governos e parceiros tomam agora terão um impacto duradouro em centenas de milhões de jovens e nas perspectivas de desenvolvimento dos países nas próximas décadas.”
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O secretário-geral apresentou um relatório elaborado pela ONU para analisar o impacto do fechamento das escolas. O texto afirma que “a perturbação incomparável da educação” pela pandemia está longe de terminar e sinalizou que mais de 100 países ainda não anunciaram uma data para a reabertura das escolas.
Guterres clamou por ação dos governos. “Uma vez que a transmissão local da covid-19 esteja sob controle, levar os alunos de volta às escolas e instituições de ensino o mais seguramente possível deve ser prioridade”, disse o chefe da ONU.
Situação do Brasil
No Brasil, as aulas presenciais estão permitidas em três estados. No Amazonas, creches, escolas e faculdades da rede privada estão autorizadas a funcionar desde o dia 6 de julho. No Rio de Janeiro, aulas presenciais na rede particular são facultativas e estão autorizadas desde a segunda-feira (3), mas os professores decidiram manter a greve iniciada em julho. No mesmo dia, o Maranhão também iniciou a retomada gradativa, com alunos do terceiro ano do ensino médio.
Outros nove estados e o Distrito Federal têm propostas de data para retornar às atividades presenciais. São eles: Acre, Alagoas, Ceará, Pará, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em resposta a um ofício enviado por um grupo de parlamentares solicitando dados sobre o ensino à distância após a interrupção das aulas presenciais, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que “não dispõe de informações acerca do número de alunos da rede pública de ensino do país que estão tendo teleaulas e aulas online até o momento”.
O MEC alegou que apenas 71% das redes municipais responderam a uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e que por isso não possui dados suficientes para a medição.
O grupo de deputados articula na Câmara a discussão de um projeto que crie o Sistema Nacional de Educação (SNE), nos moldes do Sistema Único de Saúde (SUS), para obrigar o governo federal a centralizar as informações sobre o setor de ensino.
Com informações da Deutsche Welle Brasil