
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, iniciou uma campanha contra o novo filme de Lázaro Ramos. Em postagens nas redes sociais, ele afirma que a obra “é bancada com recursos públicos” e que a história contada é um ataque ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
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O filme é uma adaptação para o cinema da peça “Namíbia não!”, de Aldri Assunção, e começou a ser produzido em 2012. Ele apresenta um futuro distópico em que, como forma de “reparação” pela escravidão, o Estado determina a volta de todos os negros do país para a África por meio de uma medida provisória. O elenco possui grandes nomes como Taís Araújo, Renata Sorrah, Seu Jorge e Alfred Enoch. A direção é de Lázaro Ramos, que divide o roteiro com Elísio Lopes Jr e Aldri Anunciação.
Em um post no Twitter, que Camargo afirma ter apagado “acidentalmente”, o presidente da fundação afirmou ter “dever moral” de boicotar o filme, além de chamar a história de “lacração vitimista”.
“O filme, bancado com recursos públicos, acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo —deportar todos os cidadãos negros para a África por Medida Provisória. Temos o dever moral de boicotá-lo nos cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente”, afirmou ele.
“Não vi e não gostei”
Também no Twitter, Camargo respondeu a seguidores que lhe perguntaram se já teria assistido ao filme. Provando seu total desconhecimento sobre o material e, portanto, sua desqualificação para tecer quaisquer comentários acerca do longa, ele afirmou que não viu.
Não é a primeira vez que Sérgio Camargo tenta gerar rivalidades depreciando grandes nomes da cultura, política e história nacional, principalmente os negros. As sucessivas provocações criadas por ele buscam atiçar seus seguidores e levar seu nome, até então desconhecido, para o debate público.
Resposta
Em resposta às críticas, Lázaro Ramos enviou nota informando que o filme foi feito de acordo com as regras da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Ele também reforçou que a trama se passa em uma realidade distópica, como outras obras produzidas nos últimos tempos.
“Qualquer comentário sobre o filme é feito em cima de suposições ou desejo de polêmica, pois ninguém assistiu a obra a não ser quem esteve nos festivais onde o filme foi exibido com extremo sucesso vide as mais de 24 críticas positivas da obra”, afirma o texto.
Leia a íntegra da nota:
“Sobre o filme falar do governo atual, devo dizer que ele foi escrito em 2015 e filmado em 2019. É baseado no espetáculo teatral “Namibia não ” de Aldri anunciação, realizado em 2011 – ele começou a ser concebido já no ano seguinte, em 2012. É um filme distópico assim como várias obras realizadas na última década, a exemplo de tantos como Handmaid’s Tale e Black Mirror.
Qualquer comentário sobre o filme é feito em cima de suposições ou desejo de polêmica, pois ninguém assistiu a obra a não ser quem esteve nos festivais onde o filme foi exibido com extremo sucesso vide as mais de 24 críticas positivas da obra.”
Lázaro Ramos.