O deputado Manuel Merino tomou posse na última terça-feira (10) como presidente interino do Peru reafirmando a promessa de obedecer o calendário eleitoral do país e formar um gabinete “de consenso e unidade nacional”, após a destituição de Martín Vizcarra, acusado pelo Ministério Público de receber subornos.
Merino permanecerá no cargo até julho de 2021, quando deve tomar posse um novo presidente eleito nas urnas em abril. Representante do partido Ação Popular, de centro-direita, ele foi o encarregado de pilotar esta etapa da transição porque ocupa a presidência do Congresso, mas em discurso afirmou que “não há nada a comemorar”.
Merino participou de um movimento parlamentar que buscava destituir o mandatário desde setembro, quando uma primeira moção opositora de “vacância presidencial” por incapacidade moral não alcançou os votos suficientes.
“Este Parlamento agiu respeitando o devido processo: assumimos esta responsabilidade com integridade moral e valores”, afirmou o presidente interino ao plenário após jurar “cumprir e fazer cumprir a Constituição, respeitar a liberdade de culto e a importância da Igreja Católica”.
Coordenador da destituição
O deputado também teve um papel polêmico na primeira tentativa de destituir Vizcarra – que por sua vez se tornou presidente após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, de quem era vice, em 2018. Antes daquela votação no plenário, Merino telefonou para o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, que preferiu não atender. Então se comunicou com o comandante da Marinha, a quem informou que o processo contra o presidente transcorreria “em calma”.
Na última segunda-feira (9), o Parlamento aprovou a destituição por 105 votos, numa medida legal, mas cercada de dúvidas e polêmicas, pois para determinar a “incapacidade moral permanente” o Congresso se baseou nos indícios de uma investigação do Ministério Público contra Vizcarra por supostos subornos que recebeu de construtoras em 2014, quando era governador do departamento de Moquegua.
Protestos no Peru
A decisão do Poder Legislativo foi recebida com protestos nas ruas e panelaços nas principais cidades peruanas. Diante do risco de uma convulsão social, Merino afirmou, após tomar posse, que “os votos não foram comprados”.
O político anunciou também que nomeará um gabinete de ministros de “ampla base”. Enquanto isso, os cartazes de “Merino golpista”, “Merino não é meu presidente” e “Fora, não me representa” continuam circulando entre manifestantes nos arredores do Congresso e do Palácio de Governo.
Com informações do El País