Líder do PSB na Câmara dos Deputados, o deputado Bira do Pindaré (MA) falou ao Socialismo Criativo sobre as expectativas para as eleições no Maranhão, contou sobre o otimismo que a chapa Lula-Alckmin tem de reconstrução do Brasil e avaliou as prioridades que o próximo governo tem de enfrentar em seus primeiros dias de gestão: combater as desigualdades sociais, enfrentar a fome e devolver ao Brasil a possibilidade de um desenvolvimento que seja capaz de gerar emprego e gerar renda para o povo brasileiro.
Sobre as eleições majoritárias no Maranhão, o parlamentar maranhense acredita que elas podem ser resolvidas em primeiro turno.
Apoiado pelo ex-governador Flávio Dino (PSB) e pelo ex-presidente Lula (PT), o atual governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), desponta como favorito à reeleição, com cerca de 40% de intenções de voto, segundo pesquisa recente do Instituto Econométrica, que também aponta Dino com 52% de intenção de voto na disputa ao Senado Federal.
Bira do Pindaré também avalia que saiu do radar uma eventual ruptura institucional com apoio das Forças Armadas, porém não se pode desconsiderar ainda eventual tumulto até a posse do próximo presidente. “Por outro lado, a gente não pode menosprezar a doidice que está na cabeça desse povo, porque a vontade deles é repetir o Capitólio no Brasil. Mas não podemos permitir que isso aconteça”, avaliou.
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Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Bira do Pindaré:
Deputado Bira, o PSB tem a possibilidade de conquistar a vaga do Senado com o ex-governador Flávio Dino e o governo do Maranhão com Carlos Brandão, com chances reais de reeleição. Como o senhor avalia as eleições para o PSB este ano no Maranhão?
Eu acho que nós conseguimos montar uma aliança muito boa aqui no estado do Maranhão e conseguimos formatar uma chapa que representa muito, porque nós temos o governador Flávio Dino, que fez uma gestão exitosa, e o seu candidato à sucessão é aquele que foi o seu vice durante sete anos.
Durante todo esse período, o Carlos Brandão foi um vice leal, um vice correto e que agora representa muito bem essa expectativa de continuidade daquilo que o governo Flávio Dino fez ao longo desse período.
Então, eu entendo que essa estratégia ela soma muito dentro dessa perspectiva de se ganhar a eleição, inclusive com a possibilidade real e concreta de se ganhar no primeiro turno, seja pela essa combinação entre Brandão e Flávio, o Brandão, representando essa continuidade do seu governo no Estado, ou seja, pela ligação que essa chapa tem com o presidente Lula, que é outra força, outro cabo eleitoral, vamos dizer assim, muito forte aqui no Estado do Maranhão, por conta de tudo o que o governo Lula também representou para o nosso Estado.
Aqui nós temos índices de aprovação do Lula elevadíssimos e isso também nos ajuda. Aliás, eu quero aproveitar para dizer que o Lula está programado para estar no Maranhão no dia 2 de setembro. Eu acho que vai ser, digamos assim, o momento em que tudo isso vai ser selado e vai permitir que a gente tenha condições de ganhar no primeiro turno.
A chapa do ex-presidente Lula, do PT e o Alckmin, do PSB, têm avançado em diálogo com diversos setores da sociedade. O senhor acredita que a chapa presidencial pode conquistar uma vitória em primeiro turno?
Eu tenho esse otimismo. Eu creio que a posição da chapa está muito bem estabelecida no cenário nacional.
Essa aliança entre o PT e o PSB, na minha opinião, é determinante. O PSB está cumprindo um papel fundamental ao receber a filiação de Geraldo Alckmin e garantir que a unidade nacional se construísse, nesse momento, em combate e enfrentamento ao bolsonarismo. Então, eu creio, sim, que é possível por conta de um governo muito desastroso do Bolsonaro. Um governo que traz consigo um sentimento sentimento negativo muito forte em relação a tudo que vem acontecendo no nosso país.
Por tudo o que representa de destruição das leis trabalhistas, previdência, meio ambiente, a questão da própria economia, tudo isso eu acho que repercute fortemente na base da sociedade brasileira e, por essa razão, eu estou confiante de que a gente consiga a eleição no primeiro turno.
Sem falar de que, como é uma eleição polarizada, eu acho que ainda vai ter um efeito que é normal em qualquer eleição, que é o efeito do voto útil. Então, se é uma eleição polarizada, o eleitor que ainda não escolheu o Lula, que está em outras candidaturas em oposição ao bolsonarismo, elas tendem a votar com o Lula também, porque vão querer resolver essa eleição no primeiro turno.
Então eu creio que tudo isso soma para que a gente possa também ter essa confiança e essa esperança de ganhar a eleição no primeiro turno com o presidente Lula e com o Geraldo Alckmin.
Deputado Bira, o senhor é candidato à reeleição a deputada federal e acompanhou as principais discussões no Parlamento nesses últimos três anos. Na sua avaliação, qual deve ser as pautas que devem nortear as prioridades do próximo governo?
Olha, o Brasil precisa ser reconstruído porque nós vamos encontrar o país devastado pelo bolsonarismo. Então, é preciso que a gente priorize a questão do enfrentamento à fome, que, infelizmente, a população voltou para a fila do osso. O Brasil voltou para o mapa da fome. Então, é necessário que a gente enfrente isso com prioridade.
A geração de emprego e a política de valorização do salário mínimo também são políticas necessárias. Eu tenho a impressão que esse vai ter que ser o nosso foco imediato.
O presidente Lula sempre diz nas suas falas que quer que o povo brasileiro volte a ter o café da manhã, o almoço e o jantar. Eu acho que isso sim, é uma bandeira fundamental.
Além disso, ele sempre repete que quer incluir os pobres no orçamento público do nosso país. Então, me parece que esse é o foco: combater as desigualdades sociais, enfrentar a fome e devolver ao Brasil a possibilidade de um desenvolvimento que seja capaz de gerar emprego e gerar renda para o povo brasileiro. Então, esse caminho deve ser seguido como prioridade.
Deputado Bira, já é pacífico entre analistas de Brasília que um eventual golpe do presidente Jair Bolsonaro tentando tragar as Forças Armadas para essa aventura antidemocrática já pode ter naufragado. O que também não foi descartado qualquer tumulto nas eleições. Na sua avaliação, o que mudou essa essa percepção de não ter golpe? Foram manifestos em defesa da democracia e a posse do Alexandre de Moraes? Ou tudo junto e misturado?
Eu acho que tudo junto e misturado. Eu acho que essas coisas somam muito na defesa da democracia. Faz o próprio Bolsonaro titubear diante dos questionamentos. Isso ficou evidente na entrevista que ele concedeu ao Jornal Nacional. De maneira que eu espero que essa aventura golpista ela seja dissipada em nosso país.
Por outro lado, a gente não pode menosprezar a doidice que está na cabeça desse povo, porque a vontade deles é repetir o Capitólio no Brasil. Mas não podemos permitir que isso aconteça.
Então, todas as providências que podem ser tomadas pelas instituições, pelos movimentos sérios, as forças políticas sérias do nosso país. Eu acho que é muito bem vindo e esse é um movimento amplo. Não é um movimento apenas da esquerda. É um movimento que caminha para o centro e caminha, agregando amplos setores da sociedade, seja do lado dos trabalhadores, ou seja, do lado do capital.
Então, eu creio que esta unidade nacional, que hoje se expressa fortemente na chapa Lula e Alckmin, ela possa se manifestar e fazer uma barreira de contenção para que a democracia fale mais alto e o resultado da urna seja respeitado. É isso que nós esperamos e estamos confiantes que será assim.