
O deputado bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) — que agrediu verbalmente a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura —, era crítico de medidas anti-covid e é alvo de ação contra fake news. O ataque contra a jornalista ocorreu ao final do debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, realizado na noite desta terça-feira (14) no Memorial da América Latina.
A truculência desenfreada de Garcia e do bolsonarismo não é de hoje, mas a violência contra Vera já estava planejada. O deputado estadual fez uma publicação no Twitter, perguntando se Vera iria ao evento.

Ao final da transmissão, filmando, Douglas ajoelhou-se à frente de Vera, perguntou se a jornalista recebeu dinheiro para falar mal do governo Bolsonaro e falou que ela é “uma vergonha para o jornalismo”. Na sequência, o celular do deputado foi arremessado pelo apresentador Leão Serva, ao que ele reagiu xingando de “jornazista”. Confira abaixo:
No debate presidencial da Band, no mês passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) também desferiu ataques contra Vera. O chefe do Executivo falou que a jornalista era “uma vergonha para o jornalismo” depois que ela afirmou que o presidente espalhou desinformação sobre vacinação durante a pandemia.
Apoiador da ditadura, negacionista e propagador de fake news: Quem é Douglas Garcia?
Aos 28 anos, Douglas Garcia é deputado estadual e candidato a deputado federal. Foi ao debate acompanhando a comitiva do ex-ministro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem apoio do presidente na corrida pelo governo paulista.
Antes de entrar para a política, Douglas era ativista e líder da Direita São Paulo, que mudou de nome para Movimento Conservador para atuar nacionalmente. O grupo é contra leis de migração, aborto e legalização das drogas, e pede a revogação do Estatuto do Desarmamento, entre outras pautas.
Também criou o bloco de carnaval Porão do Dops — Departamento de Ordem Política e Social, que funcionava como prisão durante a ditadura —, que se dizia anti-comunista e fazia apologia à tortura. Foi proibido pela Justiça de sair às ruas no Carnaval de 2018.
O flerte com a ditadura militar e a notoriedade no meio bolsonarista ajudou Douglas a se eleger para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Durante a pandemia, assim como fez Bolsonaro, ele foi crítico às medidas de isolamento social colocadas em prática pelo então governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Apelidou as iniciativas de “ditadória”.
O deputado paulista também é alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura ataques digitais à Corte. A investigação mira empresários, políticos e influenciadores ligados ao presidente.
Em 2021, ele foi condenado a indenizar pessoas que tiveram seus nomes divulgados no “dossiê antifascista” publicado em redes sociais. O documento continha dados de cerca de mil indivíduos que faziam oposição ao governo Bolsonaro.
Já neste ano, um ato de Douglas contra as restrições da covid-19 durante uma audiência na Alesp fez com que o canal oficial da assembleia no YouTube fosse temporariamente suspenso. Ele exibiu um filme chamado “Lockdown, uma história de desinformação e poder”, marcado pela plataforma como desinformação.
Leão Serva arremessa celular do bolsonarista Douglas Garcia
O jornalista Leão Serva, diretor de jornalismo da TV Cultura e mediador do debate, disse que, ao tomar o celular do deputado bolsonarista Douglas Garcia, tinha o intuito de afastá-lo da jornalista Vera Magalhães. Serva disse que não é a primeira vez que o parlamentar persegue Vera e afirmou que o intuito dele era “lacrar” com o vídeo.
Com o intuito de acabar com a situação, Leão tomou o celular do deputado e o arremessou.
“Ele veio aqui visivelmente como eles gostam de falar “lacrar”. A única solução possível naquela hora era afastá-lo da lacração, por isso eu interrompi a gravação que ele estava fazendo, como forma de separar ele da Vera naquele momento de agressão”, disse o jornalista ao portal UOL.
🗣️ “Ele veio aqui visivelmente com a intenção de ‘lacrar’. A única solução possível naquele momento era afastá-lo da ‘lacração’”, disse Leão Serva sobre o momento em que tirou o celular da mão de Douglas Garcia, que “já tem uma prática de assédio a @veramagalhaes há um bom tempo” pic.twitter.com/yErInE6TKF
— UOL Notícias (@UOLNoticias) September 14, 2022