Por Carolina Fortes
Ex-funcionário da família Bolsonaro, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos disse em depoimento ao Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabia dos esquemas de corrupção de seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro em seus gabinetes na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro.
Segundo informações da coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, Marcelo Luiz contou que Bolsonaro tirou o comando das mãos de sua então esposa, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, e passou para os filhos quando descobriu estar sendo traído por ela.
O ex-empregado atuou na campanha de 2002 de Flávio para deputado estadual e, entre 2003 e 2007, foi lotado no gabinete de Flávio na Alerj. Em entrevista exclusiva à coluna, ele afirmou que, todos os meses, sacava 80% do seu salário e entregava o dinheiro em espécie nas mãos da ex-esposa do presidente – com o conhecimento dele.
Todos os assessores de Flávio, de acordo com o ex-empregado, faziam o mesmo, bem como os de Carlos. Ele trabalhou por quase 14 anos para o filho 01 do presidente e pediu demissão no mês passado, por não receber o salário que havia pedido.
Leia também: Corrupção: Carlos Bolsonaro mantém três funcionários investigados por rachadinhas
Marcelo confessou ter devolvido 80% de tudo o que recebeu no gabinete de Flávio nos quase quatro anos em que foi seu servidor: cerca de R$ 340 mil no total.
Segundo ele, Ana Cristina foi quem precedeu Fabrício Queiroz e era a encarregada de recolher as rachadinhas não só no gabinete de Flávio, mas também no de Carlos, eleito vereador da Câmara do Rio em 2000. Somente depois da separação de Jair e Ana Cristina, em 2007, Flávio e Carlos teriam assumido a responsabilidade pelo recolhimento dos valores dos funcionários de seus gabinetes. Só que as denúncias do ex-empregado vão bem além.
A acusação foi encaminhada ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Rio de Janeiro, onde Flávio foi denunciado por organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (roubo praticado por funcionário público).
Carlos Bolsonaro também é investigado pela prática de “rachadinha” e pela nomeação de funcionários fantasmas em seu gabinete.