Por Plinio Teodoro
Mudam-se as peças, mas não se altera a direção. Por meio do centrão, que protagoniza a fritura de Paulo Guedes no Planalto, o sistema financeiro tem mandado recados a Jair Bolsonaro (Sem partido) que a tolerância com o ex “super ministro” está chegando ao fim.
Na semana em que explodiu o escândalo da milionária offshore em paraíso fiscal no Caribe, que ainda se encontra sem explicações convincentes de Guedes, o nome do ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, começou a circular nos corredores do Planalto como a melhor opção para “acalmar o mercado”.
Almeida deixou o governo em julho de 2020 e atualmente é economista-chefe do BTG Pactual, banco fundado por Paulo Guedes que tem acumulado lucros com movimentações suspeitas nos quase três anos de governo Bolsonaro.
Guedes, que culpa Ciro Nogueira, presidente do PP e ministro da Casa Civil, por coordenar o levante do centrão contra ele.
Mas, os argumentos de que Guedes não cumpriu as promessas ao “mercado” de implantação das políticas neoliberais e ainda jogou o país em uma crise econômica sem precedentes, com a fome e o desemprego crescentes, aquece a frigideira onde pulula o ministro e convence até mesmo o ignorante confesso em economia Jair Bolsonaro.
Por outro lado, Mansueto Almeida tem trânsito entre atores que podem ajudar a esfriar o furor do sistema financeiro.
Funcionário de carreira do Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas (Ipea) em Brasília, o economista cearense foi coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda no governo Fernando Henrique Cardoso e atuou como assessor econômico do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), um dos principais lobistas do sistema financeiro no Congresso.
Almeida também foi consultor de Aécio Neves na candidatura tucana à Presidência em 2014 e voltou ao governo, em maio de 2016, logo após o afastamente de Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment que deu origem ao golpe.
No governo golpista de Michel Temer (MDB), Almeida assumiu o cargo de Secretário na Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda e ajudou na implementação dos planos de Reformas, como no Ajuste Fiscal, na Reforma da legislação trabalhista e na Reforma Previdenciária.
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