
Com a proximidade do 2º turno das eleições, o cenário político segue com pouca definição e com um resultado difícil de prever. Após o favoritivismo e a ligeira vantagem do ex-presidente Lula (PT) no primeiro turno, o petista estagnou no “segundo round” das eleições e até piorou em alguns índices na corrida contra Jair Bolsonaro (PL).
O ex-presidente aumentou a rejeição para 42% no segundo turno, segundo o Ipec. O percentual vem crescendo desde setembro, quando o percentual era de 33%.
Enquanto os números apontam tendência de alta dos que rechaçam o petista, o índice de eleitores que rejeitam Bolsonaro vem caindo desde o final do mês passado. De acordo com o Ipec, em 26 de setembro, a rejeição ao presidente era de 51% e passou a 48% no levantamento divulgado no último domingo (9).
O principal temor da campanha de Lula é o de que ele e Bolsonaro atinjam o empate técnico na semana que vem, quando haverá nova pesquisa do Ipec. Petistas calculam que até 20% dos 57 milhões de brasileiros que votaram em Lula no primeiro turno são “volúveis” e podem mudar de opinião no segundo.
A estratégia para conter a alta da reprovação passa por Simone Tebet, presidenciável derrotada que declarou apoio a Lula. Como ela representa majoritariamente eleitores de centro, sua atuação pode reverter a rejeição ao ex-presidente nesse espectro.
Recentemente, ela defendeu que a campanha do petista evite explorar o vermelho do partido, na tentativa de reduzir o constrangimento do brasileiro que cogita votar em Lula para derrotar Bolsonaro, mas não se sente identificado com o PT.
Nesta semana, Lula realiza um tour pelo Nordeste, com agendas por Salvador (BA), Aracaju (SE), Maceió (AL) e Recife (PE). Em todos os compromissos, o petista irá explorar o fato de Bolsonaro ter atribuído sua derrota na região ao índice de analfabetismo e reforçará o orgulho de ser nordestino. A campanha almeja aumentar a vantagem de Lula na região para compensar a desvantagem do petista no Sul e no Centro-Oeste.
Campanha de Lula precisa de maior atenção com Bolsonaro
Ambos os candidatos à presidência da República exploram suas “fortalezas eleitorais” durante o segundo turno. Enquanto Jair Bolsonaro conta com o favoritismo do eleitorado sulista e o amplo suporte de evangélicos, além da forte movimentação bolsonarista nas redes sociais; Lula possui apoio absoluto no Nordeste e tem a maioria dos votos de mulheres, jovens, pessoas pobres e beneficiários dos programas sociais criados pelo petista nos mandatos anteriores.
Os adversários possuem uma forte e sólida base de apoio para conduzir a campanha pela reeleição, com Lula possuindo maior vantagem. O grande problema é que o “tendão de Aquiles” do atual presidente parece não ser suficiente para a virada de voto dos eleitores mais indecisos.
Por mais que a pandemia da Covid-19 tenha ceifado quase 700 mil vidas devido a gestão ineficaz e negacionista de Bolsonaro, o eleitorado não tem se convecido a mudar de candidato e até acredita que o mandatário merece uma segunda chance. O tema também vem sendo pouco explorado pela campanha de Lula.
Com todo o cenário, a equipe do PT e do candidato precisa concentar as atenções em diminuir a rejeição na reta final. Se não, será necessário um esforço maior em aumentar a rejeição do adversário, o Bolsonaro. Infelizmente, Lula não pode contar mais somente com a vantagem de 6 milhões de votantes e aumentar o eleitorado para garantir uma vitória segura.