Em transcrições de interceptações telefônicas feitas com autorização judicial, o jogador Robinho revelou participação no ato que levou uma mulher albanesa de 23 anos a acusar o atleta e amigos por estupro coletivo, em Milão, na Itália. Com base principalmente nessas gravações, o brasileiro foi condenado em primeira instância a nove anos de prisão pelo crime.
Detalhes do processo foram revelados nesta sexta-feira (16) pelo site “Globoesporte.com”.
Leia também: Cadastro Nacional de pessoas condenadas por estupro já está em vigor
Segundo a investigação, a mulher foi levada a um camarim na boate, onde foi abusada por cinco homens, entre eles Robinho e Ricardo Falco, seu amigo. Os outros suspeitos deixaram a Itália ao longo da investigação, e por isso sua participação no ato é alvo de outro processo.
Estupro coletivo
De acordo com o site, Robinho admitiu em juízo ter mantido relação sexual com a vítima, mas afirmou ter sido consensual. No entanto, em uma conversa com o amigo Ricardo Falco, também condenado pelo crime, o jogador demonstrou saber que a mulher estava bastante alcoolizada no momento do ato.
Na transcrição publicada pelo Globo Esporte, nomes de outros suspeitos são mantidos em sigilo. Confira:
Falco: Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela.
Robinho: O (NOME DE AMIGO 1) tenho certeza que gozou dentro dela.
Falco: Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si.
Robinho: Sim.
Caso
O caso aconteceu em uma boate de Milão chamada Sio Café, no dia 22 de janeiro de 2013. Além de fazer gravações telefônicas, a polícia italiana instalou um grampo no carro de Robinho e conseguiu captar outras conversas.
O jogador e seu amigo Falco foram condenados em 2017 com base no artigo “609 bis” do código penal italiano, que descreve o ato sexual violento e não consensual imposto por duas ou mais pessoas. Os condenados recorreram, e o caso será apreciado pela corte de apelação de Milão em dezembro.
Conversa
Para a justiça italiana, essas conversas são “auto-incriminatórias”. Em uma delas, ao ser avisado sobre as investigações pelo músico Jairo Chagas, que tocou naquela noite, Robinho disse, de acordo com o processo:
Robinho: Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu.
Robinho: Olha, os caras estão na merda… Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (NOME DE AMIGO 2), e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu… Lembro que os caras que pegaram ela foram (NOME DE AMIGO 1) e (NOME DE AMIGO 2)…. Eram cinco em cima dela.
O músico Jairo Chagas, conhecido da comunidade brasileira em Milão, voltou a mencionar o episódio em uma conversa com Robinho em janeiro de 2014.
Robinho: A polícia não pode dizer nada, eu direi que estava com você e depois fui para casa.
Jairo: Mas você também transou com a mulher?
Robinho: Não, eu tentei. (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2), (NOME DE AMIGO 3)…
Jairo: Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela.
Robinho: Isso não significa transar.
Em outra conversa com um amigo, o atacante brasileiro diz que seus companheiros naquela noite “pegaram ela com força.”
Revolta
Detalhes do processo que levou à condenação de Robinho vieram à tona três anos depois, porque na semana passada o jogador foi anunciado como reforço do Santos, o clube que o revelou.
A contratação gerou revolta entre parte da torcida santista e usuários de redes sociais, com muitos usuários criticando a contratação de uma pessoa condenada por estupro. O Santos chegou a perder um de seus patrocinadores.
Orlando Rollo, o presidente do clube, no entanto, defendeu o jogador e afirmou que ele não deve ser punido antes do trânsito em julgado de seu processo.
Com informações do Globo Esporte, UOL e Folha de S. Paulo