Na avaliação da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), há “grave suspeita” de favorecimento ou obtenção de vantagens indevidas por agentes públicos e privados na compra da vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech. O caso ganhou força na semana passada com as denúncias do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, sobre suspeitas de irregularidades na compra do imunizante.
Para a ministra, os elementos investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado revelaram “negociações pouco transparentes quanto à vacina ainda não respaldada por estudos científicos consistentes, em detrimento de imunizante de eficácia já comprovada e com custo substancialmente inferior”.
Quebra de sigilo de representante da Precisa é mantida
A conclusão está na decisão da ministra de manter a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos do advogado Tulio Belchior Mano da Silveira, representante da empresa Precisa Medicamentos. A quebra dos sigilos foi definida pela comissão. A defesa de Silveira alegou que ele não poderia ter seus sigilos quebrados, porque atuou somente representando interesses de seu cliente. A ministra não concordou.
“É dizer, os indícios apontados contra o advogado em questão – que teria concorrido diretamente para a celebração de contrato alegadamente danoso para a administração pública federal, a afetar, inclusive, o programa nacional de imunização contra a Covid-19 – sugerem a presença de causa provável, o que legitima a flexibilização do direito à intimidade do suspeito, com a execução das medidas invasivas ora contestadas”, escreveu.
A Precisa Medicamentos faz parte do contrato de R$ 1,6 bilhão assinado pelo ministério para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin.
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“Contornos inquietantes”
“Na hipótese concreta, a questão adquire contornos ainda mais inquietantes, porquanto em pauta negociações pouco transparentes quanto a vacina ainda não respaldada por estudos científicos consistentes, em detrimento de imunizante de eficácia já comprovada e com custo substancialmente inferior, a projetar a grave suspeita investigada pela CPI de favorecimento e/ou de obtenção de vantagens indevidas na implementação da política pública de combate à pandemia da Covid-19”, prosseguiu.
Ainda conforme Rosa Weber, o “propósito público” de esclarecer as circunstâncias da compra da vacina indiana “prevalece, no caso concreto, sobre o direito à intimidade do suposto envolvido”.
Com informações da Revista Fórum e G1