
A enfermeira Edmara de Abreu, morta aos 42 anos, no último dia 4, em decorrência de uma hepatite fulminante é um triste exemplo dos perigos dos remédios para emagrecer incentivado pela busca inalcançável de padrões de beleza que cada vez mais se distanciam da realidade.
Infelizmente, este está longe de ser um caso isolado e todos os dias inúmeras mulheres se submetem a tentativas perigosas para alcançar o tal do ‘corpo perfeito’. Falta de informação e promessas milagrosas estão no repertório.
São fórmulas manipuladas, chás, comprimidos e injeções vendidos e usados sem acompanhamento médico.
Para se ter uma ideia dos riscos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, desse 2020, a comercialização de 144 compostos que prometem perda de peso rápida. O motivo é o potencial risco à saúde.
Em levantamento feito a pedido do Metrópoles, a Anvisa informou que foram publicadas mais de 60 medidas preventivas ou cautelares contra produtos similares ao ’50 ervas’ utilizado por Edmara e que a levou à morte.
“As medidas incluem ações de recolhimento, apreensão, inutilização e proibição (de armazenamento, comercialização, distribuição, fabricação, importação, manipulação, propaganda e do uso)”, explica a autarquia.
Esses produtos, assim como qualquer outro que indique uso terapêutico, como calmantes e analgésicos, por exemplo, precisam de autorização da Anvisa para serem vendidos.
Para conseguir a autorização é necessário comprovar eficácia e segurança por meio de pesquisas clínicas. Se aprovados, os medicamentos só podem ser vendidos em farmácias e drogarias.
Atleta perdeu fígado após remédio para emagrecer
Janyne Luna, uma atleta cearense de 32 anos, foi submetida a um transplante de fígado após tomar remédio para emagrecer de forma rápida.
Convidada para ir a dois casamentos, Janyne conta que tomou um tipo de chá indicado por uma amiga, que foi encomendado sem receita médica em uma farmácia de manipulação.
“Na fórmula desse remédio tinha uma tal de ‘maca peruana’ e a equipe médica do transplante atribuiu o meu transplante a essa maca peruana”, declarou ao portal Diário do Nordeste.
A maca peruana – ou macoa – é um vegetal nativo da região andina do Peru que está presente em diversas fórmulas de medicamentos vendidas no Brasil e encontrados facilmente em farmácias e pela internet.
Um mês depois de ter parado de tomar o medicamento, Janyne começou a sentir indisposição e enjoos.
“Foi mais ou menos um mês de investigação, fazendo tratamento para ver se meu fígado reagia. Não fechavam um diagnóstico e também não melhorava. Até que eu fui listada para um transplante um mês depois do início dos sintomas. Transplantei e depois do transplante, foi feita uma biópsia no meu fígado antigo”, disse ao portal g1.
O exame apontou hepatite medicamentosa, provocada pelo uso do medicamento com a raiz peruana.
Após o transplante, em junho de 2019, Janyne voltou à rotina de treinos e se tornou ativista nas redes para alertar sobre perigos de remédios “milagrosos” para emagrecer.
PF apreende medicamentos ‘milagrosos’
No início do mês, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação em Maceió para barrar o comércio ilegal das ditas substâncias milagrosas. As investigações tiveram início em 2020.
A investigação mira a venda de remédios compostos por ‘produtos naturais’, mas que continham substâncias proibidas que levam à anorexia. Os produtos não têm autorização da Anvisa por conter substâncias de uso controlado ou proibido.
Na embalagem listavam extratos de Calunga, Carqueja, Martelinho, Garfinea e Aloe Vera. Mas as análises dos produtos revelaram a presença de sibutramina, fluoxetina e furosemida.
A sibutramina é uma substância anorexígena capaz de causar dependência física e psíquica. A fluoxetina é um antidepressivo que pode ser vendido apenas com prescrição médica. Já a furosemida é um diurético.
Com informações do O Globo e Fórum