
A bancada do PSB na Câmara dos Deputados reuniu nesta quarta-feira (9) para discutir a sucessão na presidência da Casa. Durante o encontro, a maioria dos parlamentares se posicionou a favor da candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL).
O PSB, porém, ainda não bateu o martelo sobre uma orientação do partido na votação para presidente da Câmara. No entanto, o presidente da sigla, Carlos Siqueira, disse que o encontro joga o partido na direção de Lira, ainda que ele seja o nome de preferência do governo.
“Com esse score, a probabilidade de apoio a Lira aumenta bastante. Essa questão da mesa não envolve ideologia, governo ou oposição. Veja os outros candidatos colocados. Aguinaldo (Ribeiro, deputado do PP, partido de Lira, mas que é aliado e possível candidato pelo grupo de de Rodrigo Maia), por exemplo, é líder da maioria. Maioria de quem? Do governo Bolsonaro. Então essas escolhas dependem de espaços na mesa, nas comissões, relatoria de projetos. Normalmente converso com deputados, mas deixo que eles resolvam. Não tem uma candidatura do campo progressista nesta eleição à presidência da Câmara”.
Esquerda decisiva a Lira e Maia
Os cinco maiores partidos de centro-esquerda e esquerda (além do PSB, PT, PDT, PCdoB e PSOL) são decisivos para definir a eleição. Isso ocorre uma vez que o restante da Câmara pode se dividir de forma relativamente equivalente entre Lira e o bloco de Maia. O PSOL deve lançar candidato próprio e o PDT tende a dar a maioria de seus votos para o candidato do atual presidente da Câmara. Nas suas eleições anteriores, Maia contou com o apoio da maioria dos deputados de esquerda.
O indicativo de apoio, porém, foi negado pelo líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ). Ele defendeu que a reunião foi inicial, apenas para discutir o cenário, e que a decisão foi produzir um documento com princípios para serem apresentados a todos os candidatos. “Não houve deliberação”, disse.
Outros parlamentares do PSB disseram que o grupo pró-Lira tentou dar como fato consumado uma sinalização que não ocorreu. “Eu mesmo disse que tenho simpatia pelo Lira, mas isso não significa apoio, o processo de discussão é longo”, afirmou Tadeu Alencar (PE).
A direção nacional do PSB, contudo, só vai se posicionar sobre o assunto depois da escolha do candidato do grupo do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Apesar disso, o líder Alessandro Molon, contrário a Lira, lembrou que o bloco de Rodrigo Maia ainda não tem um nome definido, e a bancada ouvirá todos os candidatos antes de tomar a decisão.
O partido deve ouvir ainda a militância socialista antes de decidir definitivamente a questão.
Lira articula
Parlamentares de oposição, do PDT e PSB, dizem nos bastidores que Lira tem ajudado a destravar verbas para prefeitos aliados e, com isso, conquistou apoios importantes dentro dos partidos de esquerda, com os quais Maia conta para eleger seu sucessor. A eles, o líder do PP prometeu estabelecer pontes com o governo para destinar recursos para as capitais do PSB, Maceió e Recife, e também liberar emendas parlamentares travadas.
Ao lançar a candidatura, ao lado dos líderes e presidentes dos demais partidos, Lira prometeu mudar a maneira de gestão da Câmara, cutucou Maia por só indicar relatores que pensem igual a ele e por decidir sozinho a pauta. Caso eleito, prometeu decidir no colégio de líderes a pauta com uma semana de antecedência e distribuir as relatorias das propostas pelo tamanho de cada partido. “Os relatores terão autonomia sobre os seus relatórios e o plenário, através de emendas e de destaques, regulará qual é o melhor texto”, disse. Afirmou que esse foi seu método ao presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e que foi responsável pelo Orçamento impositivo.