
O Plenário do Senado aprovou, na noite da terça-feira (16), a Medida Provisória que permite a redução de salários e jornadas e a suspensão de contratos durante a pandemia da covid-19 (MP 936/2020), o que deve durar até o fim do ano. Como o texto foi modificado pelo Congresso Nacional, a proposta depende agora da sanção presidencial.
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Publicada em abril deste ano, a MP criou o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. O programa garante o pagamento, pelo governo federal, de uma parte do seguro-desemprego por até 60 dias ao trabalhador com contrato suspenso ou por até 90 dias, se o salário e a jornada forem reduzidos.
Ao empregado é garantida ainda a permanência no emprego pelo dobro do período em que teve o salário reduzido. No entanto, em nenhuma situação o salário poderá ser reduzido a valor inferior ao salário mínimo em vigor (R$ 1.045).
Percentuais
A redução de jornada permitida pelo programa poderá ser de 25%, 50% ou 75%, mas as regras variam de acordo com a faixa salarial do trabalhador. Além disso, os períodos de suspensão e redução cobertos pelo programa poderão ser prorrogados por decreto do Executivo, enquanto durar a pandemia.
A prorrogação do Programa Emergencial para os trabalhadores com contrato suspenso precisa ser feita imediatamente, pois os 60 dias previstos na versão original da MP já se encerraram. Como a regra da prorrogação foi incluída pelo texto do Congresso, ela só estará em vigor depois da sanção presidencial.
Estados
Outra alteração da Câmara proíbe as empresas de cobrarem judicialmente de estados, municípios e da União os custos das rescisões trabalhistas. Atualmente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê que a autoridade pública responsável por paralisar uma atividade econômica arque com as indenizações obrigatórias.
Hoje, há ações desse tipo contra prefeituras e governos estaduais por conta das medidas de isolamento social tomadas por prefeitos e governadores.
Por último, a MP 936 obriga o Ministério da Economia a divulgar as informações sobre os acordos firmados, com o número de trabalhadores e empresas beneficiados, assim como a quantidade de demissões e admissões mensais realizadas no país.
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Impugnações
Os senadores retiraram do texto do projeto algumas alterações feitas pela Câmara dos Deputados que retomavam itens da Medida Provisória 905/19, conhecida como “Contrato Verde e Amarelo”. A MP 905 perdeu a sua validade por não ter sua votação concluída a tempo pelo Congresso.
Esses dispositivos traziam alterações sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e não tinham relação direta com medidas para a pandemia, portanto, foram considerados sem relação com a finalidade original da MP 936.
Também saíram do texto, pelo mesmo motivo, novas regras para repactuação dos empréstimos consignados.
Como essas alterações são impugnações de dispositivos que não poderiam estar na medida provisória, elas não provocam o retorno do texto à Câmara dos Deputados.
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Fonte: Agência Senado