
Em entrevista ao Metro Jornal, José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e líder do Movimento AR, afirmou acreditar em uma revolução que tenha aplicação de ações afirmativas para negros nas empresas privadas brasileiras.
Polêmicas em processos seletivos de órgãos e universidades públicas desde 2000, as ações afirmativas para negros alcançaram neste ano também o setor privado. A mais audaciosa delas veio do Magazine Luiza no mês passado, ao iniciar seu programa de trainees voltados apenas para negros. A ação foi denunciada por discriminação a outras raças ao Ministério Público, e o órgão precisou vir a público legitimar o programa.
Na liderança das novas práticas para incluir o negro está o Movimento AR, que é coordenado pelo reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente. Com apenas 90 dias de existência, o grupo surgiu em junho, um mês após a morte do norte-americano George Floyd, sufocado pelo joelho de um policial branco e que acendeu a fagulha de movimentos pela vida negra em todo o mundo com suas últimas palavras: “Eu não posso respirar”. Em entrevista ao Metro, Vicente conta o que tem sido feito para reduzir diferenças sociais entre negros e brancos.
A preocupação central, afirma José Manoel, era o profundo grau de exclusão do jovem negro, seja no mercado de trabalho, no espaço cultural e social, além da relação com a polícia.
Ações afirmativas
Em São Paulo, o caso dos nove meninos levados a morte pisoteados no baile funk em Paraisópolis, na cidade de São Paulo [em dezembro do ano passado] é um dos exemplos apontados pelo Reitor. É grande o número de jovens negros mortos pela polícia. Vamos completar 90 dias de vida. A preocupação central era o profundo grau de exclusão do jovem negro, seja no mercado de trabalho, no espaço cultural e social, além da relação com a polícia e a preocupação tanto do grupo de professores, núcleos de estudos e grande parte das instituições de direitos humanos com a situação era crescente.
Como solução o Movimento AR propõe 10 ações, que vão desde o fim da violência policial, mercado de trabalho, qualificação de pessoas e instituições sobre as dimensões do racismo, implantação da história do negro em sala de aula. Também pensamos em cidades que contemplem o negro. Em vez de derrubar estátuas, colocar as dos negros também.
Ao final da entrevista, o Reitor convida o leitor a uma reflexão: “Nós somos um povo miscigenado de negros e brancos. Veja quantos negros estão ao seu lado. Se não tem nenhum, temos problema muito grave. Segundo, um dos processos de maior valor foi a conquista científica. Ela comprova pelas estatísticas a distorção e manifestação desse racismo. As pesquisas de todas as instituições no mundo dizem que há grupos sociais que se colocam como superiores. Em síntese, leia os sinais da vida e também o que diz a ciência.”, conclui o Professor.
Para ler entrevista completa acesse o Metro Jornal