O uso da religião pelo bolsonarismo como arma contra a população tem refletido a necessidade urgente da união de lideranças políticas comprometidas verdadeiramente com a fé e com o Estado laico. A prisão do ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribe
iro, nesta quarta-feira (22), por corrupção, confirma a necessidade de posicionamentos e atuação fortes nesse sentido, como a pré-candidata a deputada distrital Raissa Rossiter (PSB-DF).
“Como pré-candidata do PSB e evangélica me posiciono absolutamente contra os esquemas de corrupção desse governo, que usa da religião como arma para a prática de crimes como desvio desvios de recursos públicos da educação, que são fundamentais para a redução das desigualdades, da miséria, da superação de desigualdades estruturais”, afirmou a socialista.
Ela lembra que a superação das desigualdades – com recorte de gênero, de raça, regional – “é um princípio socialista fundamental”. E que a educação é fundamental para isso.
“É um crime contra o interesse nacional, contra a dignidade das pessoas desviar recursos da educação para esquemas criminosos, que tem interesses eleitoreiros e escusos que vão contra a democracia e toda a sociedade brasileira. Sou uma voz e uma força para lutar contra tudo isso. Precisamos lembrar todos os dias à atual gestão do nosso país que o Estado é laico”, reforça Raissa, que é presbiteriana.
Uso da fé contra as pessoas de fé
Quando as denúncias contra Ribeiro e o esquema de corrupção vieram à tona, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, disse em 28 de março, quando o ex-titular do MEC foi exonerado a pedido, que Deus mostraria que ele seria uma “pessoa honesta”.
Se a Polícia Federal (PF) lhe trouxe uma resposta divina ou não, talvez só a esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL) possa responder, mas o fato é que Ribeiro foi preso em operação da Polícia Federal (PF) suspeito de operar um balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
“Eu posso dizer que amo a vida dele, tá?!”, dizia Michelle Bolsonaro em março.
A declaração da primeira-dama foi dada quatro dias depois de o presidente dizer que colocaria “a cara no fogo” pelo então ministro. “Milton, coisa rara de falar aqui: eu boto a minha cara no fogo pelo Milton, minha cara toda no fogo pelo Milton, estão fazendo uma covardia com ele!”, declarou Bolsonaro.
As denúncias que levaram o pastor à prisão são praticamente as mesmas das apresentadas pela imprensa em março.
Mais indícios de corrupção
Uma equipe de agentes da Polícia Federal (PF) identificou depósito bancário na conta Milton Ribeiro, que teria sido feito pelo pastor Gilmar Santos, que também foi preso, nesta quarta, pela Operação Acesso Pago.
A quantia referente ao depósito feito pastor Gilmar não foi revelada, em função do sigilo do inquérito. Não foi divulgada, também, a data da transação bancária, de acordo com informações da BandNews TV.
O advogado de Ribeiro confirmou a informação, sem citar quem teria feito o depósito.
Ainda conforme a defesa do ex-ministro, a origem do depósito seria a negociação de um carro que Ribeiro teria vendido para um dos pastores que também foram presos: Gilmar Santos ou Arilton Moura Correia.
Operação Acesso Pago investiga “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE
Milton Ribeiro foi preso, em Santos, no litoral paulista, em operação da PF realizada na manhã desta quarta (22), suspeito de operar um balcão de negócios no MEC e na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A prisão é preventiva, ou seja, não tem prazo para ser revogada.
A PF também cumpre mandados de busca e apreensão em endereços de Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontados como lobistas que atuavam no MEC.
A operação chamada Acesso Pago investiga a prática de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE.
Com Lucas Rocha e Lucas Vasques