
Nesta quarta-feira (11), é celebrado o Dia do Estudante. Parlamentares socialistas defendem a educação brasileira nas redes sociais e criticam a postura do ministro da Educação, Milton Ribeiro.
O ministro Ribeiro afirmou em entrevista à TV Brasil que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos”. O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), comentou que, “ao contrário do que defende o ministro da Educação de Bolsonaro, universidade não é para ‘poucos’, e sim para todas as pessoas”. Molon ainda reforçou que os socialistas lutam para que cada brasileiro tenha acesso ao ensino público.
O líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a instalação de internet nas escolas.
Freixo ainda relembrou que antes de ser deputado, é professor. O socialista falou que passou a vida em sala de aula e sabe enquanto profissional da educação, como ela transforma as famílias e o país. O deputado reafirmou seu compromisso de cuidar e investir nos estudantes.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, Aliel Machado (PSB-PR), afirmou que a fala do ministro da Educação, Milton Ribeiro, “é o retrato de um governo que governa para poucos, que não prioriza a educação e que está destruindo nossas riquezas e o nosso futuro”.
O deputado federal licenciado Denis Bezerra (PSB-CE) lamentou a declaração do ministro da Educação. O deputado socialista frisou que o acesso à universidade é para todos e que é preciso que os estudantes tenham acesso à educação de qualidade.
Educação na Autorreforma do PSB
Os socialistas defendem em sua Autorreforma a educação como pilar essencial para o desenvolvimento do país.
“Há três agentes principais, que atuam de forma integrada: o Estado responsável por aplicar e fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia; as universidades e institutos de pesquisa, responsáveis por cria e disseminar conhecimento e as empresas responsáveis por investir na transformação do conhecimento em produtos”
Autorreforma do PSB
O PSB defende que “o sonho socialista brasileiro assenta-se sobre as bases da nossa realidade, tanto no plano de recursos naturais como no potencial criativo do nosso povo, de nossas empresas, das nossas universidades e dos centros de pesquisa.”
Protestos no Dia do Estudante
Em defesa da educação e contra o governo Bolsonaro, jovens voltam a ocupar as ruas com manifestações nacionais nesta quarta, Dia do Estudante. Em atos convocados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), os protestos chamam a atenção para os cortes no orçamento da área e promovem uma campanha contra a evasão escolar, a desesperança, a fome e o subemprego, sintetizada no lema “Vida, Pão, Vacina e Educação”.
Durante a manhã, os estudantes já protestavam e ocupavam uma das faixas na Avenida Paulista, na altura do Masp, com faixas, cartazes e palavras de ordem contra o governo federal.
Em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, os manifestantes realizaram uma aula pública nas ruas para a população. Já em Natal, nas primeiras horas de hoje, movimentos bloquearam a BR 101 em defesa da educação e pelo “Fora Bolsonaro”.
Em Brasília, os estudantes também trocaram o nome da Ponte Costa e Silva, que homenageia o ditador e marechal do Exército responsável pela instituição do Ato Institucional número 5 (AI-5), pelo do líder estudantil Honestino Guimarães, que lutou em defesa da democracia à frente da UNE. Nas redes sociais, estudantes e apoiadores também protestam usando as hashtags #DiadoEstudante e #ForaBolsonaro.
Repúdio às declarações do ministro da Educação
Na linha de frente pelo “Fora Bolsonaro”, as manifestações pelo país já estavam previstas no calendário de lutas, que segue pelo mês de agosto com a greve dos servidores das três esferas no próximo dia 18 e com protestos contra o governo em 7 de setembro. Mas os atos acabaram ganhando ainda mais urgência diante das declarações do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que defendeu nesta segunda (9) que as “as universidades brasileiras deveriam ser para poucos”.
Em entrevista à TV Brasil, Ribeiro, que desconhecia a existência de 38 institutos federais quando assumiu a pasta, defendeu que o país deveria priorizar este tipo de ensino que forma técnicos. Segundo ele, esta modalidade será “a grande vedete” no futuro porque “tem muito engenheiro , advogado, dirigindo Uber porque não consegue a colocação devida, mas se fosse técnico em informática, estaria empregado porque há demanda muito grande”.
Defesa do ensino
A UNE, que completa 84 anos também neste dia 11 de agosto, destaca que na pauta de reivindicação dos atos de hoje está a defesa da política de cotas, que completa 10 anos no próximo ano. Na entrevista com o titular do MEC, a legislação também foi atacada por Ribeiro, que classificou as vagas destinadas nas universidade como “uma metade” que vai para as cotas e outra parte que vai para “os alunos melhor preparados”.
“Os pais desses meninos tidos como ‘filhinhos de papai’ são aqueles que pagam os impostos do Brasil, que sustentam bem ou mal a universidade pública. Não podem ser penalizados”, justificou. A União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) rebate o ministro em nota, ressaltando que “a verdade, é que os pais mais pobres, e jovens, trabalham duro para pagar os impostos e por comida na mesa de casa. E são esses também que vivem à margem da sociedade, mas não desistem do seu futuro, e acreditam na educação como o caminho para a realização dos seus sonhos”.
Isenções do Enem
As manifestações neste Dia dos Estudante também saem em defesa da autonomia das universidades federais e contra o processo de intervenção do governo, que tem ignorado os mais bem votados da lista tríplice para fazer a escolha de aliados ao cargo de reitor. “Trata-se de respeitar a decisão da comunidade acadêmica nas universidades. Quem está fazendo opções ideológicas ao não indicar os mais votados da lista tríplice é o governo fascista de Bolsonaro. Querem controlar o pensamento crítico e impedir o avanço da ciência!”, contestou a historiadora e presidenta da ANPG, Flávia Calé.
As entidades estudantis, a Educafro, a Frente Antirracista, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e nove partidos políticos ajuizaram ontem uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar a regra do MEC que negou inscrições no Enem com isenção aos estudantes que não puderam comparecer ao exame no ano passado por conta da covid-19. De acordo com as organizações, são pelo menos 3,2 milhões de participantes na prova deste ano sem isenção. De acordo com as entidades, muitos podem ser sido prejudicados pela decisão do MEC, o que também explica que o Enem deste ano tenha recebido o menor número de inscritos desde 2005.
Dia do Estudante
No dia 11 de agosto, é comemorado, no Brasil, o Dia do Estudante. Essa comemoração acontece desde o ano de 1927 e teve como ponto de partida algo que ocorreu 100 anos antes, isto é, em 1827, na época do recém-instituído Império Brasileiro. Em 11 de agosto de 1827, o então imperador Dom Pedro I autorizou a criação das duas primeiras faculdades do Brasil, a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco, e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo. Por esse motivo, no dia 11 de agosto, também se comemora o Dia do Advogado no Brasil.
Dada a importância crucial que as faculdades de Direito tiveram no processo de consolidação do ensino superior e do execício da vida intelectual no Brasil, grande parte dos responsáveis por “pensar o Brasil”, interpretar nossa história e definir e compreender nossa formação teve a sua base intelectual como bacharéis em Direito.
Sendo assim, em 11 de agosto de 1927, cem anos após a criação das referidas faculdades, houve uma comemoração em homenagem a elas. O advogado Celso Gand Ley, que estava participando das comemorações, sugeriu aos demais participantes que, na mesma data, fosse instituído o Dia do Estudante, já que, mais do que símbolo do início dos cursos jurídicos no Brasil, as faculdades de Direito eram também ícones da história da educação brasileira.
A sugestão de Gand Ley foi acatada e, desde então, o Dia do Advogado e o Dia do Estudante são comemorados na mesma data. Houve ainda, dez anos depois, em 1937 – ano em que teve início a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas –, a criação da UNE, fato que “fez coro” para reforçar o dia dedicado aos estudantes.
No âmbito internacional, o Dia do Estudante é comemorado em 17 de novembro e faz referência à resistência estudantil à ocupação nazista na antiga Tchecoslováquia, em 1939. Tal data foi escolhida pelo Conselho Internacional de Estudantes (que hoje é a atual União Internacional dos Estudantes), em 1941, na capital da Inglaterra, como forma de homenagear à referida resistência e, sobretudo, um dos jovens participantes, Jan Opletal, que acabou indo a óbito em 11 de novembro de 1939.
Com informações do Brasil de Fato e Brasil Escola