A CPI da Pandemia no Senado Federal ouve nesta quarta-feira (1o) o motoboy Ivanildo Gonçalves. Ele é apontado como responsável de sacar R$ 4,74 milhões em nome da empresa que fornece logística para o Ministério da Saúde. Há a suspeita de que a VTCLog, ligada ao escândalo de vacinas da Covaxin, tenha cometido irregularidades na sua prestação de serviços para a pasta comandada hoje por Marcelo Queiroga.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL), que antes começava a planejar um final apoteótico para a comissão, decidiu que não vai mais apresentar seu relatório no dia 21 de setembro como anunciado. O motivo? Os indícios de corrupção em torno da VTClog, responsável por fazer a logística e transportar insumos, inclusive vacinas, para o Ministério da Saúde, contém elementos para prorrogar os trabalhos por ao menos três semanas, finalizando a CPI no começo de outubro.
A prorrogação dos trabalhos tem a simpatia dos senadores de oposição e independentes, que já planejam avançar na suspeita de que o motoboy da VTClog, responsável por fazer saques de quase R$ 5 milhões diretamente na boca do caixa, repassava os valores para agentes do governo de Jair Bolsonaro ligados à pasta da Saúde, de forma direta ou por meio de pagamento de boletos.
Os senadores vão tentar provar que em uma das ocasiões na qual fez um saque de grande quantia em espécie, Iranildo foi pessoalmente ao Ministério da Saúde para, possivelmente, pagar os agentes do governo.
Motoboy da VTClog teve depoimento adiantado pela CPI da Covid
Por conta da internação de Marcos Tolentino da Silva possível “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que deu garantia financeira de R$ 80 milhões em contrato firmado entra a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina Covaxin, a CPI decidiu adiantar o depoimento de Iranildo Gonçalves e poderá ter a oportunidade de extrair do depoente as respostas que precisa para confirmar sua linha de investigação.
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Inicialmente previsto para terça-feira (31), o depoimento de Ivanildo não ocorreu. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kássio Nunes Marques atendeu a um pedido da defesa do motoboy e concedeu um habeas corpus para que ele não fosse obrigado a comparecer à oitiva para evitar que ele produzisse provas contra si mesmo.
Com a avalanche de HCs obtidos por convocados e testemunhas, nessa reta final da CPI, a agenda da comissão segue indefinida. Na próxima semana, do feriado do dia 7 de setembro, a CPI não realizará oitivas.
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Saques e pagamento de boletos eram feitos quase diariamente
Ao relator, Renan Calheiro (MDB-AL), o motoboy Ivanildo respondeu que fazia saques e pagava boletos quase todos os dias, atividades que “quase não faz mais”.
De acordo com o relator, há registro de muitos saques em diversos valores significativos, que variam de R$ 100 mil a R$ 400 mil.
Ivanildo nega ter feito pagamento a fornecedores
A Renan Calheiros (MDB-AL), Ivanildo Gonçalves negou que tenha feito pagamentos a fornecedores. O motoboy disse lembrar ter feito pagamentos de boletos referentes a combustível e fatura de cartão dos sócios da empresa VTCLog. Ele informou ainda que cumpria uma lista de depósitos, mas não lembrou os nomes dos recebedores. — O que eu cheguei a fazer foi pagar boletos, não cheguei a entregar dinheiro a ninguém.
Serviços bancários feitos pelo motoboy diminuíram recentemente
O motoboy Ivanildo informou que suas idas a bancos para fazer pagamentos de boletos e outros serviços diminuíram recentemente. Para o presidente Omar Aziz (PSD-AM), o fato é uma consequência do trabalho da CPI. A testemunha disse ainda que recebia seu salário da VTCLog por meio de transferência bancária.
Após intervenção de advogado, Ivanildo não entrega celular à CPI
O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva não concordou em entregar seu celular à comissão — após intervenção de seu advogado Alan Ornelas — conforme solicitado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues determinou à mesa da CPI providências no sentido da quebra de sigilo do telefone.
Renan inclui nomes na lista de investigados
Renan Calheiros (MDB-AL) informou que adicionou novas pessoas à lista de investigados pela CPI. Foram acrescentados os nomes de Cristiano Carvalho, Emanuella Medrades, coronel Hélcio Bruno de Almeida, Luciano Hang, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, coronel Marcelo Bento Pires, Regina Célia Silva Oliveira, ministro Onyx Lorenzoni e o deputado Osmar Terra (MDB-RS).
CPI envia a STF denúncia de uso de dinheiro público para ato antidemocrático
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que encaminhará ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a denúncia apresentada pelo senador Humberto Costa (PT-PE) de que o prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba, foi flagrado com R$ 505 mil no aeroporto de Congonhas.
O montante, conforme indícios, seria utilizado para financiar ato antidemocrático no dia 7 de setembro, disse Humberto Costa. O prefeito Alba foi pego pela Polícia Federal quando iria pegar um avião fretado com destino à Brasília.
Apesar de não ser objeto da CPI, segundo Omar Aziz, “faz parte de qualquer democrata encaminhar essa denúncias as autoridades de investigação”.
Omar pede informações a hospital sobre estado de saúde de Tolentino
Omar Aziz (PSD-AM) iniciou a reunião desta quarta-feira (1) pedindo informações ao Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, sobre o estado de saúde do advogado Marcos Tolentino. Apontado como verdadeiro dono da empresa FIB Bank, ele tinha depoimento previsto para esta quarta, mas justificou sua ausência por ter sido internado na unidade hospitalar.
Omar solicitou que o hospital forneça relatório sobre o quadro de saúde do depoente e se ele realmente precisa estar internado.
“É possível sim que seja tudo verdade. Mas também é possível que a gente desconfie desse tipo de comportamento”, afirmou Omar.
Renan Calheiros (MDB-AL) disse que Marcos Tolentino não “vai fugir” da CPI e pediu que a comissão não encerre os trabalhos sem ouvi-lo.
Diretora da VTCLog ligou para CPI, diz Omar Aziz
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), informou que a diretora-executiva da VTCLog, Andréia Lima, ligou para a comissão e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos. O senador disse que não pretende condenar e nem julgar ninguém e considerou “salutar a empresa querer dar informações”. Em relação ao motoboy Ivanildo, Omar destacou que ele será tratado com respeito e dignidade.
Com informações da Agência Senado e Revista Fórum