Quando Emily Murphy chegou ao Senado em outubro de 2017 para assumir o cargo de diretora da Administração de Serviços Gerais (GSA) no governo de Donald Trump, ela afirmou que não queria projeção no cargo ou estampar manchetes de jornais. A dois meses do término do mandato do republicano, a atenção indesejada tem recaído sobre ela.
Por lei, Emily Murphy é a responsável por assinar um documento de protocolo que permite que a equipe do presidente eleito Joe Biden avance com a transição.
A certificação dos resultados autoriza o governo eleito a acessar informações confidenciais e a iniciar a mudança para instalações governamentais. No entanto, até esta quarta-feira (11), três dias úteis após a vitória do democrata, a funcionária não fez qualquer menção de que reconhecerá o resultado do pleito. Enquanto isso, Trump lidera uma batalha judicial contra o processo eleitoral.
Recusa de Trump em admitir derrota
O bloqueio da iminente transição é um capítulo da recusa generalizada de reconhecer os resultados das eleições presidenciais adotada pela administração Trump. Murphy tem autoridade legal para iniciar a transição e liberar cerca de US$ 9,9 milhões em fundos para serviços pós-eleitorais, o que inclui US$ 6,3 milhões para a administração seguinte, US$ 1 milhão para orientação e treinamento de candidatos, e US$ 2,6 milhões para serviços de saída.
A assinatura do documento é entendida como o primeiro passo para a mudança de comando. Sem ele, os futuros membros da equipe de Biden não podem ser cedidos à agências federais ou treinados durante visitas a repartições governamentais. Eles também não podem acessar os espaços seguros para obter e discutir informações oficiais.
Não há um prazo definido para quando a gerente do GSA deve assinar o documento. Isso deixa uma janela aberta até 14 de dezembro, quando o Colégio Eleitoral validará os votos de cada candidato. A título de comparação, o diretor interino da GSA da administração Barack Obama assinou a carta no dia seguinte à eleição.
Transição para Biden
Na última segunda-feira (9), responsáveis pela transição da equipe de Joe Biden pediram a um alto funcionário da administração Trump para acabar com a “obstrução injustificada” do dinheiro orçado para a transferência de poder, citando que a lei federal ‘garante que isto que deve ser concedido aos vencedor de uma eleição presidencial’, segundo o The New York Times.
Em comunicado enviado no mesmo dia, Pamela Pennington, porta-voz da GSA, informou que a “certificação” dos votos ainda não foi efetuada e que o gabinete e a sua gestão “continuarão a cumprir todos os requisitos estabelecidos pela lei e a cumprir os precedentes estabelecidos pela administração Clinton em 2000”.
Leia também: Conheça Luciana Borio, a brasileira que integrará comitê anti-Covid-19 de Biden
Naquele ano, os resultados foram conhecidos semanas depois das eleições porque havia uma disputa legal na Flórida para a recontagem das cédulas em razão da estreita margem entre o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore. O primeiro ser declarado vencedor, com 537 votos, dias depois.
Este ano as circunstâncias são diferentes. Trump está tentando fazer com que parem de contar os votos legítimos, e a vantagem de Biden é de dezenas de milhares de votos.
Com informações do El País Espanha