
O presidente Jair Bolsonaro não queria a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril por muitos motivos e um deles, pode ter sido a fala do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, que disse: “por mim colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF (Supremo Tribunal Federal)”.
A declaração exaltada de Weintraub consta na gravação tornada pública por decisão do ministro do Supremo, Celso de Mello, nesta sexta-feira (22), e compõe o inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.
De acordo com a Folha, em relação ao trecho sobre o Supremo, na decisão Celso de Mello menciona “aparente crime contra a honra dos ministros do STF, supostamente perpetradas pelo ministro da Educação”, Abraham Weintraub.
Na reunião, Bolsonaro endossou a declaração do ministro e criticou o inquérito aberto contra ele por Mello após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“E eu tenho certeza que vão me condenar por homofobia, oito anos por homofobia. Daí inventam um racismo, como inventaram agora pro Weintraub. Desculpa, desculpa o … o desabafo: puta que o pariu! O Weintraub pode ter falado a maior merda do mundo, mas racista? Vamos ter que reagir pessoal, é outra briga”, disse o chefe do Executivo Federal.
Na mesma reunião, Weintraub chamou Brasília de “cancro” e defendeu “acabar com essa porcaria que é Brasília”. “É muito pior do que eu imaginava”, afirmou o ministro.
Ataque aos povos originários
Em suas críticas, o chefe da pasta da Educação não poupou nem os povos originários. Weintraub também disse que odeia o termo “povos indígenas”. Ele disse que “Só tem um povo nesse Brasil, é o povo brasileiro”, e defendeu “acabar com esse negócio de povos e privilégios”.
O decano do Supremo ainda afirma, na decisão, que houve a “absoluta falta de gravitas”, expressão em latim que significa ética ou honra, de alguns participantes da reunião.
Para Celso de Mello “as expressões indecorosas, grosseiras e constrangedoras por eles pronunciadas, ensejou a descoberta fortuita ou casual de aparente crime contra a honra de integrantes do STF”, escreveu o decano.
Com informações da Folha.