O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) pediu propina de US$ 1 por dose de vacina anti-covid em troca de fechar contrato com uma empresa que vende a AstraZeneca. A denúncia foi feita à Folha de S.Paulo nesta terça-feira (29) por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply. Ele relatou ao jornal que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria condicionado a celebração do contrato ao pagamento da propina no dia 25 de fevereiro.
A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5). “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, disse Dominguetti.
Socialistas comentam propina das vacinas
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), calcula que 400 milhões de doses de vacina renderiam mais de R$ 2 bilhões de propina. “Tudo isso enquanto brasileiros enfrentam a morte e a fome,” comentou.
“Enquanto brasileiros morrem, o governo Bolsonaro rouba dinheiro da vacina”, afirmou o líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ).
A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) escreveu que Jair Bolsonaro roubou sonhos. “Roubou a vida de 500 mil pessoas e quase robou US$ 1 por dose”.
O deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA) classifica o escândalo como crueldade. “É muito cruel! Repugnante! Abominável!”, escreveu.
O deputado federal Aliel Machado (PSB-PR) considera a denúncia de pedido de propina na compra de vacinas gravíssima.
Servidor que pediu propina foi exonerado
Depois da publicação da reportagem, ainda nesta terça, o governo exonerou Roberto Dias do cargo. O agora ex-diretor do Ministério da Saúde foi indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A nomeação dele ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).
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A decisão foi publicada na edição de desta quarta-feira (30) do Diário Oficial da União (DOU) e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Com informações da Folha de S.Paulo