As articulações políticas para as Eleições de 2022 foram iniciadas. Depois das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ーque elegeram, respectivamente, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para os próximos dois anos ー, está em curso uma frenética movimentação no tabuleiro político tanto da direita quanto da esquerda.
Há grande interesse sobre o destino político de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se diz traído pelo partido do qual faz parte e sua iminente saída. Em entrevista ao Valor Econômico desta segunda-feira (8), a primeira concedida desde que deixou o comando da Câmara, o parlamentar não poupou críticas ao DEM e ao presidente Antônio Carlos Magalhães Neto.
O nome de Luciano Huck, supostamente cotado para disputar a presidência da República pelo DEM, também veio à tona. De acordo com Maia, a decisão dos democratas de declararem neutralidade às vésperas do pleito na Câmara abriu caminho para a vitória do candidato governista. Esse cenário, segundo o parlamentar pelo Rio de Janeiro, sufocou a possibilidade de construir um projeto nacional em torno de uma candidatura presidencial do apresentador da TV Globo.
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Outro lance do xadrez político foi noticiado pela coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo desta segunda-feira (8). De acordo com o colunista, Maia teria se reunido com o governador de São Paulo, João Dória (PSDB-SP) na noite de domingo (7). Na pauta, a construção de uma grande aliança de olho em 2022. O ex-presidente da Câmara teria sido convidado a se filiar ao PSDB. Mas não deu resposta e estaria avaliando também a ida para o PSL e o Cidadania.
O DEM na Câmara dos Deputados emitiu uma nota em resposta às declarações de Rodrigo Maia. O comunicado, assinado pelo líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, Efraim Filho (DEM-PB), acusa o ex-presidente da Câmara de autoritarismo no episódio de composição do bloco de centro-esquerda na disputa pela presidência da Casa.
“Na verdade, ao tentar levar o partido para essa posição, sem consultar a bancada sobre o que desejava, Rodrigo se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade. Era a sua sucessão, cabia a ele construir os consensos e conduzir o processo. Na democracia, maioria não se impõe, maioria se conquista.”
Efraim Filho
Jogada à esquerda
Na sexta-feira ( 5), foi amplamente noticiado que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, escolheu o nome de Fernando Haddad para disputar a presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no próximo pleito. O segundo colocado em de 2018, ex-prefeito de São Paulo (SP) e ex-ministro da Educação informou sobre a decisão do partido em entrevista à CNN Brasil.
Líderes proeminentes da esquerda criticaram o anúncio. Pelo Twitter, o segundo colocado na última disputa à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) declarou que defende “que a esquerda busque unidade pra enfrentar Bolsonaro”, mas que “para isso, antes de lançar nomes, devemos discutir projeto”.
O mesmo tom foi adotado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Indiscutível o direito de qualquer partido lançar candidato a presidente da República. Questões são outras: qual o programa e quais as alianças para derrotar Bolsonaro? Pois se há uma coisa que não temos “direito” é de perder novamente para ele e prolongar tantas tragédias”, disse o comunista, em um tuíte.
Nesta segunda-feira (8), diante da troca de farpas públicas entre Maia e o presidente do DEM, Dino saiu em defesa do ex-presidente da Câmara. “O deputado @RodrigoMaia tem muitos méritos, por exemplo ter ajudado a viabilizar o Novo Fundeb e o auxílio emergencial de R$ 600. Erros? Todo mundo comete. O Brasil precisa que valorizemos as convergências, não apenas as divergências. Só assim derrotaremos a extrema direita”. afirmou. O afago foi prontamente respondido por Maia na mesma rede social.