
Após a dança-de-cadeiras na Esplanada dos Ministérios, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já escolheu os novos comandantes das Forças Armadas. São eles: Paulo Sérgio (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier Santos (Marinha). Eles vão assumir no lugar dos comandantes que foram exonerados de seus cargos nesta terça (30) após as mudanças implantadas pelo chefe do Executivo.
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O novo comandante do Exército, o general Paulo Sergio Nogueira, era o quarto na lista de antiguidade, ou seja, na relação de oficiais com mais experiência no Exército. Com a aposentadoria de alguns oficiais hoje, Nogueira passou a ser terceiro mais antigo. A tradição do Exército é a escolha de um oficial entre os três que estejam a mais tempo no cargo de general.
Atualmente, Nogueira é chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército. Ele vai substituir Edson Pujol, que deixou o cargo ao lado dos outros comandantes das Forças nesta semana. O nome do novo comandante já foi informado internamente ao Alto Comando do Exército.
O almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, comandante da Marina, é o segundo mais antigo.. Ele vai substituir Ilques Barbosa, que também deixou o cargo.
O tenente-brigadeiro Baptista Júnior é o novo comandante da Aeronautica, no lugar de Antônio Carlos Moretti Bermudez.
Perfis dos novos comandantes
Mais cedo, o novo ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, se reuniu com os oficiais mais antigos das três forças. De acordo com auxiliares, o objetivo foi conhecer os perfis e saber qual assessoramento poderiam dar ao presidente.
Durante a cerimônia de apresentação realizada nesta quarta-feira (31), Braga Netto ressaltou que o principal desafio do Brasil, no momento, é o combate à pandemia de Covid-19 e afirmou que o maior patrimônio de uma nação é a “garantia da democracia” e a “liberdade do seu povo”.
“Os militares não faltaram no passado e não faltarão sempre que o país precisar. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira se mantém fiéis às suas missões constitucionais de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais e as liberdades democráticas”, afirmou o ministro.
Saída coletiva
Na última terça-feira (30), os comandantes das três forças militares pediram renúncia conjunta por discordar de Bolsonaro. É a primeira vez na história que todos os comandantes das Forças Armadas pedem demissão ao mesmo tempo.
Todos reafirmaram que os militares não participarão de nenhuma aventura golpista, mas buscam uma saída de acomodação para a crise, a maior na área desde a demissão do então ministro do Exército, Sylvio Frota, em 1977 pelo presidente Ernesto Geisel.
O desembarque histórico de todo o comando das Forças Armadas acompanha a saída do general Fernando Azevedo do Ministério da Defesa. Ele foi demitido pelo presidente Bolsonaro nesta segunda-feira (29) depois de ter recusado várias vezes apoio político ao governo federal.
Há meses Azevedo e Silva vinha se desentendendo com Bolsonaro. O presidente reclamava que as Forças Armadas deveriam dar demonstrações públicas de que apoiavam o seu governo, coisa que o ministro se recusou a fazer. Outro mal-estar entre os dois tinha a ver também com a pressão de Bolsonaro sobre ele para que demitisse o comandante do Exército, general Pujol, o que Azevedo e Silva também não acatou.
O limite da relação entre o ex-ministro da Defesa e Bolsonaro chegou ao ápice na semana passada. Bolsonaro voltou a insinuar que queria o apoio do Exército para aplicar medidas de exceção como o estado de defesa em unidades da Federação que aplicam lockdowns contra a pandemia da Covid-19 e não obteve apoio de Azevedo.