
A consultoria Arquimedes mapeou, em parceria com o GLOBO, contas relevantes de políticos e influenciadores que nos últimos meses indicaram em seus próprios perfis terem sido bloqueados pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter. A prática é recorrente desde o início do seu mandato e é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
O levantamento localizou ao menos 15 perfis com número de seguidores superior ao patamar de dez mil. A lista inclui quatro deputados federais – Alexandre Padilha (PT-SP), Natália Bonavides (PT-RN), Pedro Uczai(PT-SC) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) – e a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), antiga aliada do presidente. Também é integrada por jornalistas, pesquisadores, influenciadores tanto do campo da esquerda quanto da direita, e um youtuber.
Entre os pesquisadores bloqueados no Twitter, se encontra a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora da Universidade de Bath (Reino Unido). Segundo ela, o bloqueio ocorreu após fazer críticas ao presidente em março de 2019, quando ele postou um vídeo com uma cena de golden shower para atacar blocos de carnaval.
Para a antropóloga, a prática de bloquear opositores vai contra o princípio da democracia, pois reforça a ideia de que Bolsonaro busca diálogo apenas com convertidos e contraria a possibilidade de contestação. “Pelo princípio de universalidade, todos os cidadãos brasileiros têm que ter acesso à comunicação do governo”, afirma.
Esse também foi o argumento utilizado pela deputada Natália Bonavides, que entrou com ação no STF após ser bloqueada pelo presidente. O caso ainda aguarda análise do relator, o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, em novembro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, justificou que as publicações de Bolsonaro “não têm caráter oficial e não constituem direitos ou obrigações da Administração Pública”
Com informações do jornal O GLOBO