O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), em reunião com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e outros dirigentes da legenda socialista reiterou a necessidade de incluir o tema da competividade no programa de governo Lula-Alckmin.
Leia tamb[em: Alckmin e PSB Nacional discutem plano de governo
A proposta do candidato a vice-presidência coincide com a queda de duas posições do Brasil, indo para 59º lugar, no ranking global de competitividade. O país supera apenas a África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela. O estudo é publicado pelo International Institute for Management Development (IMD).
A queda no ranking deve-se a problemas com infraestrutura, mão de obra qualificada e segurança jurídica. Em quesitos como investimento em inovação nos setores público e privado, o país ficou estável.
“O Brasil não avançou na velocidade necessária para manter a competitividade frente a outros países”, afirmou o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) e membro do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo, Carlos Arruda.
A posição brasileira é a mesma registrada em 2019. O país apresentava melhora no ranking, saindo da 61ª posição em 2017 para 60ª em 2018; 59ª em 2019, 56ª em 2020. No ano passado, baixou uma posição, para 57º lugar.
Em queda
Para compor o ranking, o IMD avalia 333 variáveis de desempenho econômico, eficiência do governo, eficiência empresarial e infraestrutura. São avaliados indicadores macroeconômicos e entrevistas com 5.500 executivos de empresas nos países pesquisados. A FDC, responsável pela pesquina no país, ouviu 134 executivos.
Os índíces do Brasil não são otimistas e apontam para uma estagnação ou queda dos indicadores brasileiro. Confira:
- No quesito eficiência do governo, o Brasil subiu um degrau, para 61º lugar. Os fatores considerados mais críticos foram ambiente jurídico, barreiras tarifárias e índices de pobreza.
- Em infraestrutura, o Brasil perdeu uma posição, ficando em 53º lugar, com piora em infraestrutura básica, infraestrutura científica, saúde e meio ambiente.
- Em educação, o país permanece em último lugar no ranking.
- Em desempenho econômico, o Brasil avançou três posições, para a 48ª colocação, resultado associado a aumento do investimento estrangeiro e do comércio internacional. Mas houve piora na economia doméstica.
- A eficiência empresarial teve queda de três posições, para 52º lugar. Houve piora em capitalização no mercado de ações, fuga de cérebros e aumento do medo de fracasso do empresariado.
Tendência global
A Dinamarca assumiu a liderança do ranking neste ano, seguida por Suíça e Singapura. Os Estados Unidos se mantiveram em décimo lugar. A China perdeu uma posição e foi para 17º lugar. Neste ano, foram avaliadas 63 economias, ante 64 em 2021.
Rússia e Ucrânia foram excluídas da avaliação deste ano. E o Bahrein, país do Médio Oriente, entrou pela primeira vez no ranking.
Para os próximos anos, a tendência é que o mundo entre em um ciclo de estagnação competitiva. Rupturas nas cadeias produtivas, a guerra entre Rússia e Ucrânia, as pressões inflacionárias e a elevação dos juros pressionam o crescimento das economias.
Neste cenário, a inovação é crucial para acelerar o ritmo de crescimento, melhorar a produtividade e a competitividade de um país. Países que investem mais em inovação, como a China, podem se sair melhor nos próximos anos, segundo Arruda. A China investe 2,13% do PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação, enquanto o Brasil aplica 1,27%.
Com informações do Valor e Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral