A Procuradoria Regional da República da 5ª Região apresentou nesta sexta-feira (26) uma notícia-crime contra Filipe Garcia Martins Pereira, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela prática de racismo. O ofício foi encaminhado à Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF), que deve analisar se apresenta denúncia.
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O procurador regional da República e autor da notícia-crime, Wellington Cabral Saraiva afirma que, em sessão do Senado transmitida ao vivo, Filipe Martins fez um gesto simbolizando as letras “W” e “P”, das palavras “White Power”, que significam “Poder Branco”, em inglês.
O episódio foi registrado na sessão em que o assessor acompanhava o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, convidado para responder questões dos senadores sobre a compra de vacinas contra a Covid-19.
“O noticiado, que se encontrava sentado atrás do senador, teve, com vontade livre e consciente, a ousadia de fazer, no interior do Parlamento brasileiro, com a mão direita, gesto de identificação de supremacistas brancos, o que significa gesto racista de discriminação, induzimento e incitação à discriminação de raça, etnia e cor, em detrimento da população negra em geral contra outros grupos sociais não brancos, como pardos, asiáticos e indígenas.”
Wellington Cabral Saraiva, procurador da República
Confira o gesto racista no vídeo abaixo.
Origem do gesto racista
Wellington Cabral Saraiva cita que o gesto feito pelo assessor surgiu por volta de 2017 em um reduto de extremistas de todo tipo na chamada “deep web“.
“Surgido como uma brincadeira entre os membros do canal, com o tempo a finalidade do símbolo passou a ser precisamente aquela que o noticiado realizou: veicular de forma discreta um sinal supremacista branco que apenas algumas pessoas perceberiam.”
Wellington Cabral Saraiva
Assessor sabia o que estava fazendo
O procurador apresenta uma série de argumentos indicando que o assessor Bolsonaro tinha plena consciência do gesto que estava fazendo.
“No caso do noticiado, considerando publicações anteriores suas e seu elevado conhecimento de simbologia política, não há dúvida de sua intenção de divulgar símbolo supremacista racial, ou seja, símbolo que dissemina a inferioridade de negros, latinos e outros grupos discriminados e que induz a essa discriminação e a incita.”
Saraiva lembra que atos do tipo não são inéditos no círculo profissional de Filipe Martins e cita episódio registrado em 20 de fevereiro do ano passado no qual Bolsonaro posava para fotos com seus apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada, quando um deles fez o mesmo gesto adotado por Filipe. Percebendo o gesto, Bolsonaro se limitou a se afastar e a afirmar. “Esse gesto aí… gesto bacana, mas, desculpa, pega mal pra mim”.
Mais denúncias contra assessor
Após o episódio, a Procuradoria da República no Distrito Federal também recebeu representação do deputado federal Alencar Santana (PT-SP) pedindo a apuração sobre se Filipe Martins cometeu um crime e/ou ato de improbidade administrativa ao fazer o gesto.
A conduta do assessor também será investigada pelo Senado, a pedido do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Com informações do G1