
Alvo de críticas crescentes até dentro do governo, o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, vem sendo aconselhado pela ala ideológica a mudar sua postura e entregar resultados principalmente no combate aos desmatamentos na Amazônia neste ano para evitar uma possível demissão. A informação é do jornal Valor Econômico.
Na mesma linha, o chanceler Ernesto Araújo enfrenta uma série de desgastes internos que ultrapassam a resistência apenas do núcleo militar e podem tornar inevitável sua saída do cargo a médio prazo, revelam fontes do governo.
Na semana passada, uma carta assinada por 29 fundos estrangeiros criticou o aumento do desmatamento no Brasil como fator de incerteza para investimentos no país.
Para a semana que vem, Mourão, Salles e os ministros Fernando Azevedo (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura) e André Mendonça (Justiça) farão uma reunião virtual com representantes desses fundos para tentar mostrar políticas ambientais do governo e acalmar os ânimos dos investidores.
Na ocasião será entregue uma carta, que deve ser assinada pelo chanceler Ernesto Araújo, em que o governo se compromete em adotar ações para controlar os índices de desmatamento.
De maneira reservada, integrantes do governo chegaram a defender a troca de Salles e Araújo nos últimos dias como alternativa para o Palácio do Planalto, em resposta a crises constantes com a China ou com a Europa em relação à questão ambiental.
Na avaliação de ministros, Salles e Araújo têm atrapalhado cada vez mais a estratégia e o discurso do governo de atrair investimento estrangeiro, por conta das incertezas trazidas pela política ambiental ou por atritos com a China e ruídos na área de comércio exterior.
O alerta da equipe econômica, nos bastidores, é de que é preciso dirimir incertezas ao ambiente de negócios no Brasil, sob pena de afastar investidores de projetos de infraestrutura e telecomunicações, e importadores de commodities agropecuárias.