Considerado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “um dos maiores programas sociais do mundo”, o auxílio emergencial do governo federal não é suficiente para garantir nem um terço dos produtos que compõem a cesta básica brasileira.
Considerando que, atualmente, o preço da cesta gira em torno de R$ 630, e que o valor médio proposto pelo governo Bolsonaro para o benefício é de R$ 250, fica fácil imaginar quão auxiliador este montante será.
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Ainda sem data para serem depositadas, as novas parcelas serão de R$150 para famílias de uma só pessoa, R$ 250 para famílias com filhos e R$ 375 para mães solo. De acordo com o estudo “Emergência cresce, mas auxílio encolhe”, realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os novos valores e as restrições de acesso ao benefício impostos pela equipe econômica de Bolsonaro fazem parte de uma estratégia para agradar setores poderosos.
“Os novos valores procuram atender orientação do “mercado financeiro”, que avalia que o Estado brasileiro não deve aplicar os recursos necessários para proteger a população, mas sim limitar-se a implementar reformas liberalizantes e buscar o equilíbrio das contas públicas”, afirma o texto.
Auxílio não garante segurança alimentar
Um dos principais objetivos do pagamento do benefício emergencial durante a pandemia do coronavirus é a manutenção da segurança alimentar das pessoas que estão sem ter como se sustentar. Por esse motivo, as críticas que estão sendo feitas à insuficiência do auxílio aumentam a cada dia.
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Ainda no relatório lançado na última semana, o Dieese apresenta uma simulação de quais alimentos uma família de quatro pessoas, que receberia R$ 250, poderia adquirir por dia. Tendo disponível modestos R$ 8,33 diários (considerando um mês de 30 dias), membros de uma mesma família vão precisar dividir uma única banana, um pão e meio, menos de meia xícara de café e três colheres de arroz.
Parlamentares querem valor inicial
Atentos ao descaso do governo diante as milhares de vidas perdidas e à vulnerabilidade da população mais pobres, diversos parlamentares têm se movimentado para garantir um valor que atenda, minimamente, às necessidades do povo. Camilo Capiberibe (PSB-AP) divulgou em seu perfil no Twitter que apresentou uma emenda parlamentar para garantir os R$ 600 novamente. O deputado federal também destacou a necessidade de que o benefício seja pago enquanto durar a pandemia, ou até que grande parte da população esteja imunizada.
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Bira do Pindaré (PSB-MA), também apresentou emendas ao mesmo projeto solicitando a volta do valor original. Ele também quer assegurar que trabalhadores que não solicitaram o auxílio em 2020 possam receber nesta nova fase.
O também deputado federal, Elias Vaz (PSB-GO), solicitou a recomposição dos R$ 600 na mesma noite em que o projeto foi enviado por Bolsonaro à Câmara.