‘O Brasil vem dando exemplo’ e ‘estamos dando certo”. Foi assim que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) definiu a situação do país nesta segunda-feira (22), um dia após a nação registrar o fim de semana mais letal desde o início da pandemia da Covid-19, com 15.813 vítimas da doença.
A afirmação também ocorre menos de 24 horas depois de mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinarem e divulgarem uma carta aberta em que pedem medidas efetivas para o combate à crise sanitária. Durante a cerimônia que celebrou a parceria com dez empresas que passam a patrocinar ações do Programa Águas Brasileiras, para revitalização de rios, Bolsonaro também afirmou que o empresariado acredita em sua gestão.
“Esse projeto que vem casado com nosso Congresso é muito bem-vindo. Junto com eles não há surpresa, mas a certeza de que os empresários viriam também. Temos vários deles aqui aos quais agradeço por acreditarem no Brasil e no nosso governo. Mais uma feliz iniciativa. Estamos dando certo apesar de um problema gravíssimo que enfrentamos desde o ano passado. Mas o Brasil vem dando exemplo, somos um dos poucos países que estão na vanguarda na busca de soluções”, alegou.
A fala foi feita diante dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, da Agricultura, Tereza Cristina e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Brasil tem 294.042 mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia, com média de 2.259 nos últimos sete dias.
Carta não cita nome de Bolsonaro, mas apela à ciência
Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o texto divulgado no domingo (21) ressalta que é falso o dilema entre salvar vidas ou a economia.
Vivendo o pior momento da pandemia após um ano do seu início, com recorde de mortes e infecções, a carta assinada por nomes como os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles (Itaú), os ex-ministros Pedro Malan e Rubens Ricupero reforça que é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidências científicas.
“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidências científicas. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”, afirmaram.
O documento afirma ainda que a postura de líderes políticos pode influenciar a população contra comportamentos responsáveis, ampliando o número de infectados e de mortes e aumentando os custos que o país incorre. Desde o início da pandemia, Bolsonaro vem criticando o isolamento social e o fechamento de comércios, afirmando que o impacto seria pior para a população devido a crise econômica.