O Brasil planeja assinar nas próximas semanas uma declaração com os governos de Estados Unidos e Japão que tem como objetivo principal criar mais um fórum de contraposição à China. As informações são da Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal, os termos finais da declaração ainda estão em discussão, mas os EUA querem referência expressa à importância da escolha de colaboradores confiáveis para a montagem das infraestruturas de 5G. No entanto, embaixadores brasileiros tentam convencer norte-americanos e japoneses a adotarem um texto mais genérico.
Aliado de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro tem dado sinais de simpatia ao pleito de impedir a entrada de empresas chinesas – especialmente a Huawei – na venda de equipamentos para a tecnologia de quinta geração de telecomunicações. O leilão de frequências do 5G está previsto para 2021.
O argumento norte-americano é que a Huawei repassa informações sigilosas a Pequim, o que ameaçaria a segurança de dados do Brasil e a cooperação com os EUA. Depois do leilão, as operadoras deverão escolher seus fornecedores, numa disputa em que a empresa é considerada mais competitiva e eficiente.
Embates dentro do governo
Ações que miram empresas chinesas alertam setores do governo Bolsonaro que advogam por uma relação mais pragmática com o maior parceiro comercial do país. Entre janeiro e setembro, o Brasil exportou US$ 53,3 bilhões para a China.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é contra um alinhamento com os EUA que crie rusgas com o principal comprador de commodities brasileiras. Seguindo a mesma linha, o vice-presidente Hamilton Mourão, principal interlocutor com a embaixada chinesa em Brasília, defende abordagem pragmática, que não ponha o Brasil em rota de colisão com o país asiático.
Mas eles não conseguiram conter a atual escalada da retórica anti-China, liderada pelo próprio presidente e apoiada pela ala ideológica do governo.
Com informações da Folha de S. Paulo