Em encontro para debater a agenda ambiental brasileira, representantes de Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram um apelo por apoio financeiro para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia ao governo dos Estados Unidos.
Na última quarta-feira (17), em um encontro que reuniu os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o enviado especial do Clima do governo estadunidense, John Kerry, o Brasil manteve clara a posição de Bolsonaro de que o país se comprometerá com as metas de redução de danos ambientais na Amazônia apenas se houver a injeção direta de dinheiro estrangeiro.
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De acordo com o Estadão, o governo brasileiro entende que já fez demais mantendo o compromisso com o Acordo de Paris sem nenhuma contrapartida. Agora o entendimento é de que “a gente faz, mas vocês vão ter que pagar“.
Amazônia e a agenda ambiental
O jornal diz ainda que durante quase 40 minutos, o enviado especial John Kerry ouviu as demandas sem discordância, e reconheceu a necessidade de acordos financeiros. As tratativas não chegaram ao ponto de como os recursos seriam repassados nem o valor e o prazo do investimento. Uma das formas de trazer esse dinheiro seria por meio de créditos de carbono. Dessa maneira, as empresas ou países que mais poluem poderiam financiar a proteção à Amazônia e das florestas nacionais.
O próximo passo é o envio de um esboço de agenda ambiental pelo governo estadunidense que pautará as reuniões seguintes. Kerry disse ainda que reconhece “a legitimidade e a soberania do Brasil para cuidar de seus temas” e que a gestão de Joe Biden não tem “nenhuma resistência em trabalhar com o governo brasileiro”.
Apesar da fala do enviado, durante a campanha presidencial o atual presidente estadunidense afirmou que poderia aplicar restrições econômicas ao Brasil, caso não se comprometesse com a redução do desmatamento.
Vitória do setor elétrico
Apesar ter defendido pautas em prol do meio ambiente, o governo Bolsonaro decretou, recentemente, o fim de uma luta anunciando a morte do perdedor. Na queda de braço em Belo Monte entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ambientalistas com o Ministério de Minas e Energia e a concessionária Norte Energia, saiu vencedor o setor elétrico. Do lado perdedor, fica o alerta de que a vazão mínima de água, que passa a valer na represa, não é suficiente para manter vivo o rio Xingu, onde fica a hidrelétrica.
Desde o início do ano, o Ibama vinha mantendo uma postura contrária à vazão mínima, baseado em parecer técnico de especialistas que indicam que é necessária uma liberação maior de água para garantir a sobrevivência ecológica do rio e toda região da Volta Grande do Xingu, no Pará. No início desta semana, entretanto, o órgão ambiental recuou e assinou acordo com a concessionária em que permite que a liberação de água ocorra em nível mínimo.
O Ministério Público Federal (MPF) do Pará enviou questionamento ao Ibama e exigiu acesso aos dados técnicos que embasaram a mudança de decisão.
A concessionária de Belo Monte entregou os estudos no dia 1º de fevereiro, mas a equipe técnica do Ibama os julgou insuficientes. Ainda assim, atropelando a opinião dos técnicos, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, assinou termo de compromisso com a Norte Energia (publicado dia 9, no Diário Oficial da União) e aceitou a vazão mínima da usina.
Com informações do Estadão e portal Eco