A crescente crise de imagem vivida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dificultaria suas intenções de concorrer à reeleição em 2022 quem quer que fosse seu adversário. Uma pesquisa da consultoria Atlas Político mostrou que o mandatário teria dificuldades de vencer desde figuras mais populares da esquerda, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, até nomes mais centristas como o Governador de São Paulo, João Doria e Marina Silva, incluindo dois de seus ex-ministros: Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta.
O levantamento também aponta que, para 58% dos entrevistados, o governo Bolsonaro tem uma imagem negativa — uma porcentagem maior do que a obtida pelas gestões Lula, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney.
Popularidade derretida de Bolsonaro
O levantamento foi realizado entre os dias 20 e 24 de janeiro e capta o que diversas pesquisas vêm apontando na última semana: a má gestão de Bolsonaro diante das crises sanitária e econômica provocadas pela pandemia da Covid-19 derreteu sua popularidade. No entanto, o presidente se mantém com uma base fiel alta quando se analisa o cenário do primeiro turno de uma reeleição.
Com Lula na disputa, o atual mandatário brasileiro alcança 34,5% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente petista obtém 22,3%. Sem Lula, os votos em Bolsonaro se mantêm similares (34,4%), mas a polarização diminuiria e o segundo lugar seria disputado entre Haddad (13,4%), Ciro Gomes (11,6%) e Moro (11,6%).
Foram ouvidas 3.073 pessoas por meio de questionários randômicos respondidos pela Internet e calibrados por um algoritmo. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Projeção de uma reeleição
Em um segundo turno de uma reeleição, no entanto, Bolsonaro conseguiria reverter poucos votos dos concorrentes já fora do páreo e, por isso, teria bastante dificuldade para derrotá-los. Em uma disputa com Haddad, por exemplo, haveria um empate técnico, dentro da margem de erro. Bolsonaro captaria 38% dos votos e o petista, 42%. Um cenário parecido com o de uma disputa contra Lula, Ciro Gomes e Mandetta.
O ex-juiz Sergio Moro é quem consegue retirar mais votos de Bolsonaro num possível segundo turno. Mas sua rejeição é alta e, por isso, parte dos entrevistados caminha para um cenário de dúvida ou não-voto (nulo ou branco), causando, novamente, uma situação de empate técnico. Dentre os entrevistados que afirmam ter votado em Bolsonaro na última eleição, 13% afirmam que votariam no ex-juiz num próximo pleito, caso ele estivesse concorrendo.
O desempenho eleitoral de Bolsonaro é melhor entre os homens, os que têm entre 25 e 34 anos e os menos escolarizados.
Rejeição
Dados da mesma pesquisa, divulgados no início desta semana, apontam que a gestão de Bolsonaro é rejeitada por seis de cada dez brasileiros. Para 81% dos entrevistados, a situação do emprego é ruim no país e 73% acreditam que o auxílio emergencial deve prosseguir, contrariando a visão do próprio governo.
De acordo com o levantamento, 63% dos entrevistados acreditam que a situação de saúde pública criada pelo coronavírus está piorando e 51,2% defendem a ampliação do isolamento social, outra medida refutada por Bolsonaro desde o início da crise.
Também na contramão das posturas do presidente, que já afirmou claramente que não pretende se vacinar, 73% das pessoas dizem que pretendem se imunizar contra a doença. A pesquisa apontou ainda que 53% dos entrevistados apoiam um impeachment.
Com informações do jornal El País
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