A escancarada compra de votos promovida por Jair Bolsonaro (sem partido) para eleger Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado gerou revolta em parlamentares da oposição no fim da quinta-feira (29).
A revolta veio após a divulgação de um levantamento feito pelo Estadão, revelando uma planilha interna de controle de verbas que chegam a R$ 3 bilhões para beneficiar 250 deputados e 35 senadores que declarem voto nos candidatos do governo Bolsonaro. Além de verbas, o governo também tem oferecido cargos para quem aderir à campanha bolsonarista para comandar o Legislativo. O dinheiro sairá do Ministério do Desenvolvimento Regional.
‘Crime contra o Brasil’
Líder do PSB na Câmara, o deputado Alessandro Molon taxou de ‘criminoso’ a artimanha comandada por Jair Bolsonaro. “CRIMINOSO! Bolsonaro está fazendo do governo um balcão de negócios na tentativa de comprar apoio ao seu candidato à presidência da Câmara! São R$ 3 bilhões liberados para obras a poucos dias da eleição, um crime contra o Brasil e a democracia!”, declarou.
Tradicional política do ‘toma lá, dá cá’
Diante do agravamento da pandemia no país, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, criticou a falta de pudor do governo em disfarçar seu descaso com a saúde pública.
“Na tradicional política do toma lá da cá, Bolsonaro libera R$ 3 bi em emendas nos minutos finais da disputa para a presidência da Câmara e do Senado. Hesita em providenciar vacinas e auxílio emergencial, mas dispara verbas para ter o Parlamento na mão”, apontou.
‘Inadmissível’
O esquema político do governo também foi lembrado pelo deputado Bira do Pindaré (PSB-MA). “Toma lá, dá cá” correndo solto, mais do que nunca. ‘Planalto libera R$ 3 bi em obras a 285 parlamentares em meio à eleição no Congresso’. É a velha política deitando e rolando. Inadmissível!”, afirmou.
‘Velhíssima política’ de Bolsonaro
Para o deputado Elias Vaz (PSB-GO) “a liberação bilionária do Planalto a parlamentares, na reta final da eleição Câmara, mostra que o governo Bolsonaro não tem nenhum constrangimento em usar a máquina do Estado em favor de seus interesses”. “Bolsonaro representa a velhíssima política do toma-lá-dá-cá”, afirmou o deputado.
TCU e PGR acionadas
Líder da bancada do PSOL na Câmara, a deputada Sâmia Bonfim (SP) explicitou as reais intenções de Bolsonaro. “Jair Bolsonaro busca eleger seu aliado Arthur Lira como presidente da Câmara para impor uma agenda de ainda mais retrocessos para o Brasil. Para alcançar esse objetivo e facilitar a própria reeleição, está se valendo das práticas mais espúrias”, disse.
Diante da denúncia de compra de votos, ela afirmou que o partido acionará a Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
“Trata-se de um mega esquema de compra de votos de deputados que custará ao país cerca de 3 bilhões de reais. Dinheiro que pode definir os rumos de uma eleição decisiva para o país. Por isso, a bancada do PSOL levou o caso para a PGR e o TCU para que haja investigação célere”.
Sem dinheiro para auxílio emergencial?
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) usou a redes sociais para apontar a política destrutiva do atual governo.
“Enquanto o povo passa fome sem auxílio emergencial, Bolsonaro usa dinheiro público pra comprar votos de deputados no candidato governista à presidência da Câmara. Mas não era nova política? E o Brasil não estava quebrado? Nem um, nem outro. Era fake! E ainda tem quem bata palmas”.
‘Interferência deslavada’
Já o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que “nunca na história democrática da República brasileira se assistiu tão deslavada interferência do Presidente do Executivo na eleição do Presidente da Câmara dos Deputados”. “Bolsonaro escancara a tentativa de comprar votos para eleger um aliado seu como presidente do Legislativo”, apontou.
Reiterando o voto em Baleia Rossi (MDB-SP), a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), afirmou que “a interferência de Bolsonaro nas eleições do Congresso está colocando em risco a independência das duas Casas. O Executivo está liberando emendas em troca de apoio, negociando cargos e fazendo de tudo para garantir a vitória de seus candidatos”
“Neste momento tão duro para o país, o legislativo precisa ser um contrapeso para as atrocidades do governo Bolsonaro. Por isso, meu voto será no candidato Baleia Rossi, que representa uma candidatura independente e viável, e, no Senado, o meu apoio é à candidata Simone Tebet [MDB-MS]”.
Já o ex-ministro dos Esportes, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), viu mais um crime de responsabilidade cometido pelo presidente.
“Ontem, Bolsonaro cometeu um sincericídio e confessou que está mesmo entregando até os anéis para fazer o presidente da Câmara. Admitiu crime de responsabilidade (Lei 1.079, Art. 4°, II). Mais um. Desesperado, o governo tem constrangido, ameaçado e retaliado deputados que não cedem às pressões do Planalto. Há deputados acuados, irritados com a chantagem, que vão dar o troco na urna”, disse, fazendo menção à declaração do mandatário, diante de apoiadores, na última quarta-feira (27).
O ‘sincericídeo’de Bolsonaro
“Viemos fazer uma reunião aí com 30 parlamentares do PSL e vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara, com estes parlamentares”, disse Bolsonaro, na porta do Palácio do Alvorada, em encontro com seus apoiadores e parlamentares do PSL. A influência ocorreria, segundo o presidente, “de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil”, confessou o presidente.
1 comentário