
Jair Bolsonaro (Sem partido) não tem economizado quando o assunto é eleger Arthur Lira (PP-AL), candidato oficial do governo à presidência da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), à presidência do Senado. Nesta quinta (29), o governo liberou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores aplicarem em obras em seus redutos eleitorais em troca da eleição dos nomes definidos pelo Planalto. O dinheiro saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional.
O levantamento, realizado pelo Estadão, revelou uma planilha interna de controle de verbas, até então sigilosa, com os nomes dos parlamentares contemplados com os recursos “extras”, que vão além dos que já têm direito de direcionar. Além de verbas, o governo também tem oferecido cargos para quem votar em seus candidatos no Congresso.
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“Se Deus quiser, teremos o segundo homem na linha hierárquica do Brasil”, afirmou Bolsonaro em evento nesta quinta (28), em Sergipe, confirmando seu apoio à Lira para presidência da Câmara.
Na condição de líder do Progressistas, Lira foi priorizado com o direcionamento de R$ 109,5 milhões para serem distribuídos a projetos indicados por seus colegas de partido. Ele direcionou outros R$ 5 milhões a obras de pavimentação e drenagem de ruas no município de Barra de São Miguel (AL), onde seu pai, Benedito Lira, é prefeito.
Bolsonaro e o QG das candidaturas
A oferta de recursos foi feita no gabinete do ministro Luiz Eduardo Ramos. A Secretaria de Governo, que o general comanda, virou o QG das candidaturas dos governistas Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Dos 208 deputados que já declararam apoio a Lira, 125 nomes já estão na planilha da Secretaria de Governo, considerando apenas os que já garantiram fatias do Orçamento para projetos de seus interesses.
Ao todo, 41 dos parlamentares estiveram em ao menos uma reunião com Ramos desde dezembro, quando começaram as campanhas nas Casas. Na comparação com o placar da eleição para o Senado, dos 33 votos declarados para Pacheco, 22 nomes de senadores aparecem na planilha.
Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de oposição ao governo à presidência da Câmara, reagiu. Declarou querer ser presidente de uma Câmara ‘que não se vende por 30 moedas’.
Recurso não rastreável
A planilha, informal e sem timbre, inclui repasses de recursos do orçamento da União que não são rastreáveis por mecanismos públicos de transparência. São os chamados “recursos extra orçamentários”, no linguajar usado no Congresso.
Neste tipo de negociação, os valores são repassados a prefeitos indicados por deputados ou senadores, sem que o nome do deputado fique carimbado, como ocorre com a emenda parlamentar tradicional.
Desta forma, se houver alguma irregularidade na aplicação dos recursos não é possível saber se há algum envolvimento do parlamentar que direcionou a verba para determinada obras.
Com informações do Estado de S. Paulo
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