
Cotado como um dos presidenciáveis na disputa de 2022, o apresentador Luciano Huck foi o único entre os que tentam se projetar no cenário eleitoral nacional que ainda não se manifestaram sobre a entrevista do general Villas Bôas e as revelações envolvendo o polêmico tuíte de 2018, visto por ministros da Corte como uma afronta ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Análise feita pela coluna Painel, na Folha de São Paulo, revela que Huck é, inclusive, o possível candidato mais próximo ao general Villas Bôas, com exceção do próprio Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com a coluna, em dezembro de 2019, o apresentador participou do lançamento de um instituto ligado ao general.
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No mesmo mês, Huck gravou um vídeo ao lado dele, em que diz: “Eu tenho um amor fraterno por você, eu gosto quando você está perto. […] Eu me vejo muito em você”. Os dois se aproximaram após visita de Huck a tropas do Brasil no Haiti. A revelação gerou críticas de ministros da corte e reação do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que acabou preso. Procurado pela coluna, Huck manifestou-se via assessoria, mas sem criticar o general.
“Todo democrata deve atuar em defesa da independência dos Poderes, da obediência às normas jurídicas e da máxima autoridade da Constituição. As Forças Armadas também têm esta missão e esta responsabilidade. Vimos recentemente nos EUA os comandantes militares repelirem com veemência o sonho autoritário de Donald Trump. Temos que nos manter vigilantes para combater todo movimento que atue para erodir os pilares da nossa democracia”, afirmou Huck.
O tuíte de Villas Bôas e a rixa com o STF
No livro “General Villas Bôas, conversa com o comandante”, editado a partir de entrevista do general ao professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Celso de Castro, o ex-comandante do Exército chegou a defender o tuíte de abril de 2018, dirigido aos integrantes do STF que, no dia seguinte, julgariam o habeas corpus (HC) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, escreveu, à época.
Para Villas Bôas, tratou-se de “alerta”, não de “ameaça”. A explicação, no entanto, não convenceu Edson Fachin, que foi o relator do HC mencionado pelo general.
Em nota divulgada na última semana, Facchin classificou a revelação da pressão militar sobre o Judiciário como “intolerável e inaceitável”. Na texto divulgado, o ministro lembrou o papel delimitado pelo artigo 142 da Constituição às Forças Armadas, e sugeriu que o recente paradigma americano no tema deveria inspirar os militares brasileiros.
Em resposta ao ministro, o general voltou a criar polêmica, ao ironizar uma postagem que reproduziu reportagem de “O Globo” sobre o tema. “Três anos depois”, ironizou.
Com informações da Folha de S.Paulo e Valor