
A notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua esposa, Melania, testaram positivo para a Covid gerou uma onda de reações oficiais de simpatia e solidariedade. O diagnóstico, no entanto, também despertou comentários marcados pelo sarcasmo, lembretes do negacionismo do presidente americano frente à pandemia e críticas ao comportamento belicoso adotado por Trump em relação a outros governos e entidades.
Enquanto a imprensa mundial registrou incertezas sobre como o diagnóstico deverá afetar as eleições americanas no próximo dia 3 de novembro – nas quais Trump tenta a reeleição, numa campanha polarizada contra o democrata Joe Biden –, líderes mundiais desejaram melhoras ao casal, a partir de seus perfis oficiais no Twitter.
Apoio de chefes de Estado
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi uma das autoridades a expressar melhoras ao chefe de Estado americano: “Meus melhores desejos para o presidente Trump e a primeira-dama. Espero que ambos tenham uma rápida recuperação do coronavírus”. Johnson contraiu o coronavírus em abril, depois de também ter minimizado a doença, e chegou a ser internado em UTI com o agravamento dos sintomas.
O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, escreveu: “Assim como milhões de israelenses, [sua esposa] Sara e eu estamos pensando no presidente Donald Trump e na primeira-dama Melania Trump, e desejamos a nossos amigos uma recuperação rápida e total.”
“Desejo a meu amigo Donald Trump e à primeira-dama uma rápida recuperação e boa saúde”, escreveu o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também estendeu votos de melhora rápida ao casal, lembrando que a covid-19 “é uma batalha que continuamos a lutar. Todos os dias. Não importa onde vivamos”.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, transmitiu ao líder americano desejos de uma melhora rápida: “Espero que eles se recuperem bem do coronavírus e estejam logo completamente saudáveis”, citou seu porta-voz, Steffen Seibert, no Twitter.
O porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, também desejou recuperação rápida ao casal presidencial, mas aproveitou para deixar uma crítica no ar: “Isso demonstra que o vírus não poupa ninguém, inclusive aqueles que demonstraram ceticismo.”
Em conferência de imprensa, o porta-voz Dmitry Peskov transmitiu uma mensagem do presidente russo, Vladimir Putin, a seu homólogo americano: “Estou convencido de que sua vitalidade, boa disposição e otimismo lhe ajudarão a lidar com esse perigoso vírus. É claro que desejamos ao presidente Trump uma melhora rápida e fácil.”
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também desejou recuperação rápida ao casal. A OMS se tornou um dos principais alvos de Trump durante a pandemia. O americano acusou a entidade de ser uma “marionete da China” e de administrar mal a doença e anunciou a saída dos EUA da organização da qual o país é um dos principais financiadores.
“Não uso máscaras como ele”
O adversário de Trump nas eleições presidenciais de novembro, o democrata Joe Biden também desejou melhoras a Trump. “Jill [sua esposa] e eu enviamos nossos pensamentos ao presidente Trump e à primeira-dama Melania Trump por uma recuperação rápida. Continuaremos a rezar pela saúde e segurança do presidente e sua família”, escreveu. Ele informou nesta sexta que testou negativo para a doença.
Depois de meses de trocas de acusações pela imprensa e nas redes sociais, Joe Biden Trump se enfrentaram diretamente pela primeira vez na noite da última terça-feira (29), em frente às câmeras da rede de TV Fox News, a 35 dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
No encontro, Trump zombou abertamente do oponente por usar máscaras. Trump fez os comentários ao democrata em resposta a uma pergunta sobre a eficácia das máscaras, feita pelo moderador Chris Wallace.
“Eu uso máscaras quando necessário”, afirmou Trump. “Eu não uso máscaras como ele. Cada vez que você o vê, ele tem uma máscara. Ele poderia estar falando a 200 metros de distância dele e ele aparece com a maior máscara que eu já vi”, disse o presidente.
Além das críticas à pandemia, assim como o presidente Jair Bolsonaro, Trump fez ampla divulgação da hidroxicloroquina – medicamento comprovadamente sem eficácia contra a Covid-19 -, afirmando ter se tratado “preventivamente” contra o coronavírus a partir de seu uso.
Silêncio na China
Na China, onde teve inicio a pandemia da Covid-19, as reações foram menos positivas. Trump acusou várias vezes o país de disseminar a doença para o mundo, referindo-se repetidamente ao Sars-Cov-2 como “vírus da China”.
Segundo a agência oficial de notícias Xinhua, não houve ainda uma declaração oficial imediata do governo em Pequim, enquanto o país entra no segundo dia de um feriado nacional. O editor do jornal estatal Global Times, Hu Xijin, escreveu no Twitter que “o presidente Trump e a primeira-dama pagaram o preço por apostar no menosprezo à Covid-19”.
“A notícia demonstra a gravidade da situação pandêmica nos EUA e vai impor uma imagem negativa de Trump e dos EUA, além de afetar negativamente sua reeleição”, completou o jornalista.
Trump no grupo de risco
Nos EUA, houve quem pegasse pesado. “Bem, não estou surpreso que Trump tenha testado positivo para Covid – o cara está em 5 grandes grupos de risco! Ele é idoso; Ele é obeso; Ele tem um emprego no setor público; Ele é uma pessoa de cor; Ele é pobre.”, escreveu o ator e humorista John Fugelsang para depois acrescentar as hashtag #PrayForTrump to #WearADamnMask (Ore por Trump para Usar a Maldita Máscara).
Bolsonaro ainda não se manifestou
Aliado confesso do presidente americano, até o meio da tarde desta sexta, o mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), não divulgou qualquer mensagem a respeito de seu ídolo.
Com informações da Deutsche Welle Brasil